Top 5 doramas que mergulham no universo da arte, da escrita e da criação
Obras que revelam os bastidores da criatividade, os dilemas do processo artístico e as dores de transformar sentimentos em linguagem

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Existem doramas que não apenas contam histórias, mas também celebram o próprio ato de criar. Em meio a narrativas de amor, superação ou mistério, algumas produções sul-coreanas se destacam por explorar com profundidade o universo da arte, da escrita e da criatividade — seja através de protagonistas que trabalham com literatura, quadrinhos, design, cinema, fotografia ou música. Nessas tramas, o processo criativo é mostrado em sua complexidade: entre bloqueios, inseguranças, pressões externas e a eterna busca por autenticidade.
Mais do que glamourizar a arte, esses doramas se debruçam sobre as inquietações que movem artistas e escritores. Mostram como a criação pode ser forma de cura, reconstrução ou resistência — e como muitas vezes nasce do caos, da dor ou do desejo de se conectar com o outro. São séries que tocam fundo em quem escreve, pinta, canta ou simplesmente sente demais.
A seguir, cinco títulos que fazem um mergulho íntimo nesse universo, com personagens marcantes e roteiros que entendem que criar também é uma forma de existir.
1. Because This Is My First Life (2017)
Protagonista roteirista mostra os bastidores da criação para TV enquanto lida com insegurança e invisibilidade feminina no mercado
Yoon Ji-ho é uma roteirista iniciante que trabalha como assistente em uma indústria dominada por homens e estruturas engessadas. Ao mesmo tempo que vive uma relação de contrato com o protagonista masculino, a série acompanha suas frustrações criativas e pessoais, revelando como o machismo e a precariedade afetam mulheres que escrevem. A arte aqui não é enfeite — é resistência, busca por autonomia e reflexo das dores que a personagem precisa transformar em palavras.
2. Tomorrow With You (2017)
Com uma narrativa não-linear, o dorama explora o tempo como matéria-prima da escrita e do afeto em um romance entre um viajante temporal e uma fotógrafa
A protagonista é uma fotógrafa que lida com a memória, a solidão e o fracasso artístico, enquanto o protagonista viaja no tempo tentando evitar tragédias. A fotografia, como linguagem, é constantemente usada para mostrar o que escapa das palavras e dos planos. O dorama é sensível ao mostrar como a criação visual está entrelaçada ao trauma e à tentativa de dar sentido ao mundo que nos escapa — seja pelo tempo, pela dor ou pelas escolhas.
3. It's Okay to Not Be Okay (2020)
Uma escritora de livros infantis excêntrica e traumatizada cria histórias que são metáforas diretas de sua infância sombria
Ko Moon-young é uma personagem fascinante que usa a literatura infantil como espelho dos próprios monstros internos. Cada episódio é estruturado a partir de uma fábula escrita por ela, o que permite que o dorama brinque com camadas de linguagem, metáforas visuais e cicatrizes emocionais. A escrita aqui é a forma de acesso mais direto à alma da protagonista — tanto para o público quanto para quem a cerca. A série mostra com crueza e poesia como a criação pode nascer do trauma.
4. Our Beloved Summer (2021)
Dois ex-namorados se reencontram para filmar um documentário anos após o ensino médio — e o processo criativo escancara feridas não cicatrizadas
A arte no dorama aparece em duas frentes: ele, um ilustrador introspectivo que desenha para processar o mundo, e ela, uma produtora que tenta manter a racionalidade diante de emoções mal resolvidas. O reencontro profissional serve como palco para que antigos sentimentos reapareçam, e a criação (tanto do documentário quanto da arte visual) se torna o veículo de expressão mais sincero. O dorama equilibra leveza e profundidade, com uma estética cuidadosamente construída para refletir o olhar subjetivo dos personagens.
5. Be Melodramatic (2019)
Três amigas — roteirista, produtora e gerente de marketing — mostram como o universo da TV e da criação de conteúdo é atravessado por dores pessoais e dilemas éticos
Divertido e agridoce, esse dorama acompanha os bastidores da produção de uma série enquanto as protagonistas enfrentam lutos, inseguranças e relações mal resolvidas. A escrita de roteiros se mistura à vida real, e muitas vezes o que a personagem roteirista cria é uma tentativa de compreender (ou reinventar) suas próprias experiências. A série é metalinguística, ácida e extremamente sensível ao retratar o impacto da arte na vida — e vice-versa.