5 doramas que misturam fantasia e cotidiano de forma surpreendente e poética

Histórias onde o irreal invade o comum com delicadeza, sensibilidade e simbolismo — sem perder a conexão emocional com quem assiste

Publicado em 09/06/2025 às 22:44
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A fantasia nos doramas sul-coreanos frequentemente vai além de efeitos visuais ou conceitos grandiosos. Em algumas obras, ela surge como linguagem metafórica para falar de luto, identidade, memória, amor e transformação.

Nessas narrativas, elementos mágicos ou sobrenaturais não servem apenas como truques de enredo, mas como catalisadores de experiências humanas profundas. O extraordinário se entrelaça ao banal com uma naturalidade poética, fazendo com que o espectador suspenda a descrença e se entregue ao que realmente importa: as emoções.

Esses doramas encantam não só pelo visual, mas pelo modo como inserem a fantasia em vidas comuns, explorando seus efeitos sobre pessoas reais — com dores reais. A solidão de um ser imortal, o retorno inexplicável de um amor, a capacidade de ver sentimentos alheios: tudo isso é tratado com simbolismo, lirismo e, muitas vezes, uma melancolia doce.

São séries que tocam fundo por mostrar como a imaginação pode ser uma forma de sobrevivência, conexão e beleza. A seguir, cinco títulos imperdíveis que conseguem essa alquimia rara entre magia e humanidade.

1. My Mister (2018)

Embora sem magia literal, o dorama transforma o ordinário em extraordinário, com poesia nas pequenas conexões humanas

"My Mister" não é uma fantasia tradicional, mas sua atmosfera carrega um lirismo que se aproxima da mágica. A conexão entre um homem cansado pela vida e uma jovem marcada por traumas se constrói em silêncios, gestos e delicadezas.

Como o cotidiano é filmado — com luz suave, planos longos e simbolismos sutis — dá a sensação de que há algo encantado mesmo na dor. A série mostra que o milagre pode estar em simplesmente continuar existindo, e que o afeto, quando verdadeiro, tem algo de mágico.

2. Hi Bye, Mama! (2020)

Fantasia e luto se misturam em uma história sobre amor materno, despedida e a beleza de deixar ir

Cha Yu-ri morre em um acidente, mas recebe uma segunda chance para voltar à vida por 49 dias. Seu objetivo: retomar o lugar de mãe de sua filha pequena, que cresceu sem ela. O dorama mistura humor, emoção e realismo mágico de forma delicada e comovente.

O sobrenatural é tratado com naturalidade, como uma extensão das emoções humanas não resolvidas. O roteiro não se prende ao drama fácil, e sim à construção de sentido, mostrando como o luto, quando acolhido com empatia, pode ser também um ato de amor.

3. The Light in Your Eyes (2019)

Com uma trama que começa leve e mágica, o dorama surpreende ao revelar sua verdadeira — e profundamente tocante — essência

Hye-ja encontra um relógio que permite voltar no tempo, mas o preço é envelhecer rapidamente. O que começa como uma fantasia sobre juventude e escolhas se transforma em uma história sobre Alzheimer, memória e dignidade.

A reviravolta é emocional e surpreendente, elevando a fantasia ao patamar da metáfora potente. O cotidiano da velhice, da perda e da incompreensão social é retratado com poesia rara. É um dorama que prova como a mágica pode ser usada para revelar verdades dolorosas com sensibilidade.

4. Tale of the Nine Tailed (2020)

Um ser mitológico e imortal vive entre os humanos, enquanto tenta lidar com culpas passadas e encontrar redenção

Lee Yeon, uma gumiho (raposa de nove caudas), vive entre o mundo dos mortais protegendo-os de ameaças sobrenaturais, enquanto busca há séculos por sua amada reencarnada. O dorama equilibra ação, mitologia coreana e romance com ambientação urbana e personagens modernos.

A força da série está em como ela insere esses elementos folclóricos em situações comuns — um escritório, um prédio, um programa de TV — sem perder o lirismo da narrativa. O amor eterno e a culpa são explorados com intensidade simbólica.

5. Extraordinary You (2019)

Estudantes descobrem que são personagens de um webtoon — e lutam por autonomia dentro de uma realidade escrita por outro

O que começa como um romance escolar clichê vira uma brilhante reflexão sobre destino, livre arbítrio e o poder da narrativa. A protagonista descobre que sua vida é roteirizada e que ela é apenas um personagem secundário.

A partir daí, inicia-se uma jornada para ressignificar sua própria existência. A fantasia aqui é pura metalinguagem: o dorama discute a arte de contar histórias e o desejo de cada um de escrever seu próprio final. Leve, bem-humorado e surpreendentemente profundo.

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