A gentileza, ou amabilidade, é uma das cinco características principais da personalidade, segundo um modelo bastante usado na psicologia chamado “Big Five”. Esse modelo divide o jeito de ser das pessoas em cinco áreas: emocional (neuroticismo), social (extroversão), curiosidade (abertura a novas experiências), responsabilidade (conscienciosidade) e, claro, a amabilidade, que é a tendência a ser compreensivo, confiável e querer o bem dos outros.
Mas o que a ciência tem a dizer sobre pessoas que são gentis até com quem nunca viram antes?
Ser gentil é algo bem humano
De acordo com um relatório publicado pela Psychology Today, os seres humanos se destacam por sua capacidade de se importar com os outros, até mesmo com pessoas fora da família ou do círculo de amigos. Outros animais também vivem em grupo, como os macacos, mas não chegam perto da empatia que nós, humanos, podemos demonstrar.
Aliás, essa gentileza vai ainda mais longe: muitas pessoas sentem compaixão por animais, personagens de filmes ou livros, e até desconhecidos que nunca mais vão ver.
O que nos permite ser gentis com estranhos?
Segundo psicólogos, isso tem muito a ver com algo chamado “teoria da mente”, a capacidade de entender que outras pessoas têm pensamentos e sentimentos diferentes dos nossos.
Pessoas que são naturalmente mais amáveis costumam perceber melhor o que os outros estão sentindo e ajustam seu jeito de agir para acolher ou ajudar. Por isso, elas se dão bem em profissões que envolvem lidar com o público, como na área da saúde ou em atendimento ao cliente.
E nosso corpo também influencia nisso. Veja como:
- Mais testosterona (hormônio presente em maior quantidade nos homens) costuma estar ligada a pessoas menos gentis e mais competitivas.
- Mais ocitocina (o chamado “hormônio do carinho”) aumenta a empatia e o desejo de se conectar com os outros.
O lado menos falado da gentileza
Apesar de fazer bem para os relacionamentos, a gentileza exagerada pode ter seus pontos negativos.
Pessoas muito boazinhas às vezes:
- Têm dificuldade em dizer “não”;
- São mais fáceis de serem exploradas;
- Deixam de lado seus próprios interesses para agradar os outros;
- Podem ter menos destaque no trabalho, ganhando menos ou sendo menos promovidas.
Isso acontece porque elas priorizam o grupo e o bem-estar coletivo, mesmo que isso atrapalhe seus próprios objetivos.
Ser gentil vale a pena
Mesmo com esses riscos, a maioria dos estudos mostra que a amabilidade traz mais benefícios do que prejuízos. Segundo os pesquisadores Michael Wilmot e Deniz, que revisaram mais de 3.900 estudos sobre o tema, a gentileza esteve ligada a resultados positivos em 93% dos casos analisados, desde saúde emocional até boa convivência com os outros.
Ou seja: ser uma pessoa gentil faz bem, para você e para o mundo. Só não vale esquecer de ser gentil consigo mesmo também.