A saudade costuma ser retratada nos doramas como algo delicado, quase sagrado. Mas em algumas histórias, ela vai além da melancolia: torna-se um impulso. É a falta de alguém, de um tempo ou de uma versão antiga de si mesmo que faz os personagens se moverem.
Nessas tramas, o reencontro com o passado — mesmo que doloroso — serve como ponto de virada. Em vez de amarra, é motivação. A saudade, nesses casos, não paralisa: ela orienta. Ela faz os personagens repensarem escolhas, abrirem espaços para o que ainda pode ser vivido, e perceberem que o que foi bonito também pode ser transformado em algo novo.
Esses doramas mostram que sentir falta não é sinônimo de estar preso. Pelo contrário: pode ser o primeiro passo para seguir em frente, com mais verdade. A seguir, três histórias que usam a saudade como força motriz de recomeços emocionais.
1. Just Between Lovers (2017)
Após sobreviver a um desabamento que mudou suas vidas, dois jovens traumatizados se reencontram anos depois. A dor compartilhada e as lembranças que não cicatrizaram os unem de forma silenciosa, mas profunda.
A saudade aqui é múltipla: de quem se foi, do que poderia ter sido, de si mesmos antes do trauma. Mas é justamente esse luto comum que faz nascer algo novo. Eles se permitem cuidar um do outro e, aos poucos, reconstroem o amor como quem reaprende a respirar. Um dorama sensível, lento e profundamente humano.
2. A Piece of Your Mind (2020)
Um programador ainda preso à lembrança de seu primeiro amor cruza o caminho de uma engenheira de som igualmente marcada por ausências. A conexão entre os dois surge em meio à fragilidade e à escuta atenta.
Ao invés de apagar o passado, o dorama propõe a convivência com ele — e, a partir disso, a construção de um novo presente. A saudade é tratada com delicadeza, quase como um personagem à parte, que precisa ser compreendido antes de ser deixado para trás. Uma história sobre acolhimento, escuta e novos afetos que nascem no silêncio.
3. Thirty But Seventeen (2018)
Uma jovem entra em coma aos 17 anos e acorda aos 30, precisando lidar com o tempo perdido. O homem que cuidava secretamente de sua antiga casa também vive paralisado por um trauma do passado.
O reencontro com a vida — e com as memórias que ficaram congeladas — se dá de forma leve, com humor e muita ternura. O dorama transforma a saudade em um processo de redescoberta: não apenas da juventude interrompida, mas de tudo o que ainda pode ser vivido. Uma história doce sobre recomeçar mesmo quando parece tarde demais.