Alessandra Negrini estreia monólogo "A Árvore" no Recife: "Me sinto muito bem quando viro essa árvore!"

Espetáculo solo da atriz aborda solidão, reconexão com a natureza e o feminino profundo. Peça chega aos palcos depois de ser filme e rodar festivais

Publicado em 09/05/2025 às 20:22
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A atriz Alessandra Negrini desembarca no Recife com seu primeiro monólogo no teatro: A Árvore. A montagem, que estreou como longa-metragem durante a pandemia e percorreu festivais internacionais, agora ganha os palcos com uma proposta sensorial, intensa e profundamente simbólica. O espetáculo será apresentado nos dias 16 e 17 de maio no Teatro do Parque, um dos mais tradicionais da capital pernambucana.

O texto foi encomendado por ela à escritora Silvia Gomez, com quem desejava trabalhar. A ideia nasceu pouco antes da pandemia, mas ganhou potência no contexto de isolamento e distanciamento da natureza. “A peça fala da insuficiência da vida civilizada, da solidão humana nesse contexto de separação da natureza”, explica. A narrativa acompanha a transformação de uma mulher que, ao se conectar com uma planta, inicia uma metamorfose física e simbólica até se tornar árvore.

Negrini revela que a transformação da personagem A. é vivida de dentro para fora: “É mais uma transformação interna. É através da emoção e do relato que A faz. Vamos sentindo com ela. É por dentro das veias, como ela diz.” O espetáculo também é visualmente rico, combinando teatro e projeções criadas a partir do filme original.

A obra trata de temas urgentes como pertencimento, feminilidade e o retorno ao orgânico em um mundo cada vez mais artificial. 

“É um texto feminino, no sentido de ser um processo interno de mudança, coisa que nós, mulheres, conhecemos bem. E feminino também porque busca a terra, em oposição aos valores de uma sociedade feita para se proteger da natureza”, reflete.

Desde sua estreia como filme — atualmente disponível em plataformas como Apple TV e YouTube Premium — A Árvore recebeu elogios da crítica, com destaque para a crítica cubana Vivian Martinez, da revista Conjunto. Agora nos palcos, a peça já teve diversas leituras e montagens pelo mundo, e sua versão teatral mantém elementos audiovisuais da produção cinematográfica.

Sobre a chegada ao Recife, Alessandra reconhece o desafio e celebra o reencontro com o público local. “O público pernambucano é exigente. Tenho muitos amigos aí, como Virginia Cavendish e Lírio Ferreira. É uma gente de humor fino e irônico, ou seja, difícil de agradar (risos). Mas é o que eu espero fazer, humildemente e com jeitinho.”

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