Alessandra Negrini estreia solo escrito por Silvia Gomez no Recife
Em monólogo sensível e poético, Alessandra Negrini interpreta uma mulher que enfrenta uma metamorfose íntima ao se conectar com uma planta

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A atriz Alessandra Negrini estreia em Recife o monólogo “A Árvore”, que será apresentado nos dias 16 e 17 de maio no Teatro do Parque. Com texto de Silvia Gomez e direção de Ester Laccava, o espetáculo marca o primeiro solo da carreira da atriz, que dá vida à personagem A., uma mulher que passa por uma intensa transformação interior após ganhar uma planta de presente. O espetáculo mistura lirismo, humor e delírio para tratar de temas como solidão, metamorfose e reconexão com a natureza.
A história se desenrola quando A., sozinha em seu apartamento, se vê presa à planta por um fio de cabelo. A partir desse episódio aparentemente banal, inicia-se uma jornada poética em que a personagem relata a sensação de ver seu corpo se transformar, lenta e irreversivelmente, em algo que ela mesma desconhece. Entre recordações, reflexões e sensações novas, a protagonista mergulha em um fluxo íntimo de pensamento, que toca em questões existenciais profundas. “A Árvore é um relato de amor, uma escrita performática sobre virar algo que não é mais si mesmo”, resume Negrini.
Com uma trajetória marcante desde sua estreia online durante a pandemia, o projeto cresceu e ganhou força. “A Árvore” se transformou em um longa-metragem distribuído pela O2 Filmes, circulou por importantes festivais internacionais — incluindo o Mujeres en Escena por la Paz (Colômbia), a MIT-SP e a MOBR em Portugal — e teve seu texto publicado pela Editora Cobogó. Em 2024, a peça foi apresentada no Encuentro Internacional de Artes Escénicas Expandidas, em La Paz (Bolívia), e lida no evento PuntoCadenetaPunto, em Bogotá.
A dramaturga Silvia Gomez revela que a inspiração surgiu de uma imagem cotidiana: ao regar uma planta, notou um fio de cabelo preso aos galhos. A partir disso, criou a cena da metamorfose, incorporando reflexões sobre a relação do ser humano com a natureza. Leituras como A Revolução das Plantas, de Stefano Mancuso, também influenciaram a construção do texto, que propõe novas perguntas sobre o futuro do planeta. “As personagens que escrevo adentram o delírio como forma de extrema lucidez. É uma tentativa de elaborar o real por outra camada”, afirma Silvia, indicada ao Prêmio Shell de Dramaturgia e ao APCA em anos anteriores.
Os ingressos custam entre R$ 25 e R$ 100 e já estão à venda. “A Árvore” é uma produção de Alessandra Negrini e Gabriel Fontes Paiva, com equipe criativa formada por nomes como Mirella Brandi (luz), Camila Schimidt (cenário), Ana Luiza Fay (figurinos) e Morris (trilha sonora). Uma experiência sensorial e sensível, que convida o público a refletir sobre identidade, transformação e pertencimento.