MC Poze é solto após cinco dias preso; espera teve confusão e spray de pimenta na multidão
O cantor deixa presídio após cinco dias e gera aglomeração; com festa, abraços e tumulto, soltura teve comemoração ao lado de fãs e da mulher

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O cantor Marlon Brendon Coelho Couto, conhecido como MC Poze do Rodo, foi solto na tarde desta terça-feira (3), após passar cinco dias preso no Complexo de Gericinó, em Bangu.
A libertação foi autorizada por um habeas corpus concedido pelo desembargador Peterson Barroso, da Segunda Câmara Criminal, que entendeu que a prisão não era imprescindível para o andamento das investigações. A soltura foi condicionada ao cumprimento de medidas cautelares.
A saída de Poze mobilizou uma multidão na porta do presídio. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) precisou instalar grades para conter os fãs, e a Polícia Militar utilizou spray de pimenta por volta das 14h para controlar o tumulto. Houve empurra-empurra, pessoas passaram mal e, após a soltura, mais confusão e queima de fogos.
Ao deixar o presídio, Poze subiu no teto solar de um carro, abraçou a mulher, a influenciadora Viviane Noronha, girou a camisa e comemorou com os fãs. O cantor Oruam, amigo de Poze, também esteve no local e chegou a subir em um ônibus para celebrar.
Relembre o caso
Poze foi preso no dia 29 de maio por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), em sua casa no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Ele é investigado por apologia ao crime, envolvimento com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro para o Comando Vermelho, segundo a polícia.
Segundo as investigações, Poze realizava shows em áreas dominadas pela facção, com a presença de traficantes armados, e suas músicas fariam apologia ao tráfico e ao uso de armas, além de incitarem confrontos entre grupos rivais.
A Polícia Civil afirma que esses eventos seriam usados para lavar dinheiro e ampliar o poder da organização criminosa.
Ao ser admitido no sistema penitenciário, Poze declarou à Seap que possui ligação com o Comando Vermelho. Essa informação, exigida no processo de triagem, serviu para determinar sua alocação em Bangu 3, que abriga presos ligados à facção.
Medidas cautelares impostas a Poze
- Comparecimento mensal à Justiça até o dia 10 de cada mês;
- Proibição de sair da Comarca durante o processo;
- Manutenção de telefone de contato direto com a Justiça;
- Proibição de mudar de endereço sem informar o Juízo;
- Proibição de contato com investigados, testemunhas e membros do Comando Vermelho;
- Entrega do passaporte à Justiça.
O advogado Fernando Henrique Cardoso, que defende Poze, Oruam e o também cantor Cabelinho, criticou a ação policial, classificando-a como parte de uma “narrativa de criminalização” das manifestações culturais da periferia. Segundo ele, o samba também já foi marginalizado no passado.
Contexto das investigações
As investigações da DRE foram motivadas por vídeos de um baile funk na Cidade de Deus, onde Poze se apresentou diante de traficantes armados.
O evento ocorreu dias antes da morte de um policial civil da Core, durante operação na região. Em 2020, o cantor já havia sido visto em situação semelhante em um baile no Jacaré.
A polícia afirma que as letras de Poze ultrapassam os limites da liberdade de expressão e configuram crimes graves. Outros artistas também estão sendo investigados por associação com o tráfico.
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