4 doramas tão intensos e perturbadores quanto Round 6
Violência simbólica, dilemas morais e jogos de sobrevivência: esses quatro doramas não aliviam o impacto e podem até deixar você sem ar

Clique aqui e escute a matéria
Desde o sucesso explosivo de Round 6 (Squid Game), o público mundial despertou para um novo tipo de dorama coreano — o que coloca o ser humano contra o limite da própria moral. Em vez de histórias leves ou romances clássicos, essas séries provocam com temas sombrios, situações éticas desconfortáveis e ambientações que misturam o real com o perturbador.
A tensão é contínua, as escolhas dos personagens são sempre arriscadas e, muitas vezes, a esperança cede espaço à brutalidade. A estética visual, as atuações viscerais e os roteiros provocativos criam experiências intensas, que mais parecem testes psicológicos do que simples ficção.
As quatro produções listadas aqui não seguem o mesmo enredo de Round 6, mas compartilham com ela uma mesma alma: desestabilizar o espectador e provocar reflexões profundas sobre poder, sociedade, sobrevivência e os abismos da condição humana. Cada uma à sua maneira, elas confrontam o que há de mais sombrio dentro das pessoas — e, às vezes, mostram que os maiores vilões estão disfarçados de gente comum.
1. Extracurricular (2020)
- Onde assistir: Netflix
O que acontece quando a inteligência de um estudante nota 10 é usada para fins ilegais? Extracurricular constrói um dilema ético incômodo ao mostrar Ji Soo, um jovem que mantém uma rede de prostituição como única forma de bancar seus estudos e sobreviver. A série parte de uma crítica direta ao sistema educacional e econômico, que empurra jovens para escolhas desesperadas.
O clima de tensão cresce com a chegada de uma colega curiosa e o envolvimento dela no negócio. O dorama é impactante justamente por mostrar que nem sempre o criminoso tem cara de bandido — e que o medo de cair pode vir muito antes da queda. Com roteiro afiado e cenas duras, a série nunca romantiza as ações dos personagens, mas humaniza as consequências. Ideal para quem quer sair do clichê colegial e mergulhar num thriller social de primeira.
2. Sweet Home (2020)
- Onde assistir: Netflix
Imagine um prédio residencial fechado, onde cada morador começa a se transformar em uma criatura que reflete seus piores impulsos. Sweet Home começa com uma tragédia pessoal — um jovem recluso que perde a família — e rapidamente evolui para um cenário de horror em escala apocalíptica. O dorama se destaca por não ser apenas um show de monstros, mas um estudo emocional de quem somos quando tudo desmorona.
Os “monstros” nada mais são do que extensões físicas dos desejos humanos: vaidade, raiva, culpa, medo de solidão. A atmosfera claustrofóbica, os efeitos especiais de alto nível e a intensidade dramática fazem com que cada episódio pareça uma sessão de ansiedade. Mais do que assustar, Sweet Home nos confronta com a pergunta: o que nos impede de virar um monstro também?
3. Save Me (2017)
- Onde assistir: Viki
Se você tem medo de manipulação psicológica, Save Me é o tipo de série que vai deixar você desconfortável do começo ao fim. O dorama acompanha uma jovem presa em uma seita religiosa sob fachada de comunidade espiritual. Seus apelos por socorro parecem inofensivos até que ex-colegas de escola começam a perceber o horror em que ela está envolvida.
O destaque da série está no retrato quase documental de como seitas funcionam: lavagem cerebral, coerção emocional, e a total ausência de liberdade disfarçada de fé. As atuações são intensas, os diálogos pesados e os episódios criam uma tensão contínua sem alívio. É uma obra que choca, mas também informa. Mostra o quão fácil é para instituições esconderem abusos sob discursos de salvação — e o quanto é difícil escapar quando todos ao redor acreditam estar fazendo o bem.
4. Hell Is Other People (Strangers from Hell, 2019)
- Onde assistir: Netflix
Em Hell Is Other People, um jovem chega a Seul em busca de emprego e encontra moradia barata numa pensão sinistra. O que começa como estranheza vira paranoia — e depois, terror psicológico. Cada vizinho parece esconder algo doentio, e aos poucos a sanidade do protagonista começa a se desfazer. A série mergulha fundo no mal-estar urbano, na desumanização das grandes cidades e no colapso das fronteiras entre realidade e delírio.
A direção é precisa ao transmitir claustrofobia, usando corredores apertados, sons irritantes e silêncios densos como elementos de tensão. Mais do que uma história de medo, Hell Is Other People é uma metáfora angustiante da solidão e da violência invisível que se vive nos centros urbanos. No final, fica a dúvida: será que os outros são o inferno ou será que o inferno estava dentro dele o tempo todo?