Em tempos de protagonistas idealizadas, alguns doramas oferecem um retrato mais honesto e complexo das mulheres que colocam no centro de suas histórias. Elas não são perfeitas, não têm todas as respostas, e nem sempre tomam as melhores decisões. Mas são reais. Carregam medos, vícios emocionais, traumas mal resolvidos — e ainda assim continuam tentando.
São mulheres que não cabem em rótulos e que, ao mostrarem suas falhas, nos convidam a olhar para as nossas com mais generosidade. Essas personagens não se definem por força ou fragilidade, mas por humanidade. Elas não estão ali para agradar, e sim para existir de forma inteira, mesmo quando isso significa mostrar o que não é bonito.
E é justamente por isso que se tornam inesquecíveis. A seguir, três doramas que apostam em protagonistas femininas imperfeitas — e por isso tão verdadeiras.
1. Another Miss Oh (2016)
Oh Hae-young é uma mulher comum que passa por uma grande humilhação: ser abandonada no altar. A partir daí, precisa lidar com o julgamento alheio, a comparação constante com outra mulher de mesmo nome — e a reconstrução do próprio valor.
Ela não reage como heroína. Chora demais, fala o que não devia, volta atrás, se ilude. Mas é justamente por ser desajeitada que conquista. O dorama trata de rejeição, autoestima e escolhas afetivas com profundidade emocional e senso de humor raro. Hae-young é imperfeita — e impossível de esquecer.
2. My Liberation Notes (2022)
Yeom Mi-jeong vive exausta. Do trabalho, da cidade, da vida em geral. Ela não tem ambição, nem grandes planos. Tudo o que deseja é ser “libertada”. Mas não sabe do quê, nem como.
Sua imperfeição está na apatia, no incômodo constante, na vontade de algo que não tem nome. Ela não luta com armas visíveis, mas com resistência íntima. Mi-jeong é um retrato delicado da mulher que não quer performar felicidade. Sua ternura, introspecção e coragem silenciosa criam uma protagonista tão sutil quanto inesquecível.
3. Be Melodramatic (2019)
Im Jin-joo é uma roteirista de dramas que, depois de um luto difícil, tenta reorganizar sua vida emocional e profissional. Ela é intensa, muda de ideia rápido, fala sozinha, cria teorias absurdas sobre a vida — e sente tudo à flor da pele.
O que torna Jin-joo especial é justamente o fato de não ser “equilibrada”. Suas decisões muitas vezes beiram o autossabotamento, mas ela também é engraçada, leal e capaz de gestos de afeto profundos. A série como um todo é um retrato bem-humorado da mulher contemporânea, e Jin-joo é seu coração pulsante: desastrada, intensa, falha — e muito humana.