O cinema pernambucano já se firmou como um dos mais inventivos e consistentes do Brasil.
De diretores consagrados como Kleber Mendonça Filho a talentos em ascensão, o estado vem entregando obras autorais, ousadas e com forte identidade regional, mas nem todas recebem o reconhecimento merecido fora do circuito de festivais ou da crítica especializada.
Seja por abordarem temas sociais com coragem, por experimentarem novas linguagens ou por retratarem o Brasil profundo com sensibilidade e autenticidade, esses quatro filmes mereciam ter ido ainda mais longe. Confira a lista:
1. Amor, Plástico e Barulho (2013)
Ambientado nos bastidores do brega, o filme acompanha a trajetória de duas mulheres: Shelly, uma cantora veterana em decadência, e Jaqueline, uma jovem ambiciosa que sonha com o estrelato.
Entre brilho, vaidade e frustrações, Amor, Plástico e Barulho mostra o custo emocional do sucesso e a pressão de se reinventar o tempo todo. Com visual marcante e uma trilha vibrante, é uma obra que discute identidade, classe e afeto de forma original.
2. Piedade (2019)
Pouco comentado fora dos festivais, o filme é uma obra potente sobre conflitos familiares, especulação imobiliária e a destruição ambiental em Recife.
Com um elenco de peso, incluindo Fernanda Montenegro, Cauã Reymond e Irandhir Santos, Piedade expõe com crueza os impactos da ambição sobre as relações humanas. É cinema político, visceral e profundamente conectado à realidade nordestina.
3. A Luneta do Tempo (2014)
Estreia cinematográfica do cantor e compositor Alceu Valença, o filme é uma mistura de música, poesia e sertão. A história reimagina o cangaço em tons de fábula, com figuras míticas, cordel e um ritmo todo próprio.
Com estética marcante e diálogos rimados, A Luneta do Tempo não teve grande repercussão comercial, mas é uma joia singular dentro do cinema brasileiro e merece ser redescoberta.
4. Azougue Nazaré (2018)
Vencedor de prêmios em festivais como o de Roterdã, Azougue Nazaré mistura realismo e fantasia ao mostrar o embate entre a religiosidade evangélica e as tradições do maracatu rural no interior de Pernambuco.
Com atores não profissionais e cenas de forte carga simbólica, o filme reflete sobre identidade cultural, intolerância e resistência popular. Uma obra poderosa que ainda precisa alcançar o grande público.