O cinema brasileiro tem uma riqueza narrativa imensa, com histórias que tocam, desafiam e encantam.
No entanto, nem sempre obras de grande qualidade recebem a atenção ou o reconhecimento que merecem.
Entre lançamentos que passaram discretamente pelos cinemas ou ficaram limitados a festivais e nichos, alguns filmes seguem sendo verdadeiras joias escondidas, prontas para serem redescobertas.
Existem quatro produções nacionais que mereciam muito mais visibilidade e que podem surpreender até o cinéfilo mais exigente.
1. “A Vida Invisível” (2019), de Karim Aïnouz
Mesmo tendo ganhado o prêmio principal da Mostra Um Certo Olhar no Festival de Cannes, o drama protagonizado por Carol Duarte e Julia Stockler não teve o alcance merecido no circuito comercial.
O filme narra com delicadeza e dor a história de duas irmãs separadas pelas amarras do conservadorismo brasileiro dos anos 1950. É um retrato comovente da solidão feminina e da força do afeto, embalado por uma fotografia exuberante e atuações memoráveis.
2. “Riscado” (2010), de Gustavo Pizzi
Estrelado por Karine Teles, o longa acompanha a trajetória de Bianca, uma atriz talentosa e esforçada que tenta sobreviver no meio artístico.
Com uma atuação intensa e naturalista, o filme questiona o reconhecimento, o apagamento e as dificuldades de quem vive da arte no Brasil. Uma obra sutil, mas cheia de camadas, que fala sobre sonhos, frustrações e a luta diária pela visibilidade.
3. “As Boas Maneiras” (2017), de Juliana Rojas e Marco Dutra
Um híbrido ousado entre drama social e terror fantástico, este filme propõe uma metáfora sobre maternidade, desejo e marginalização.
Ambientado em São Paulo, ele foge completamente do convencional, com efeitos visuais impactantes e uma narrativa que mistura lirismo e horror. Embora elogiado internacionalmente, passou longe do sucesso merecido por aqui.
4. “O Som ao Redor” (2012), de Kleber Mendonça Filho
Antes de conquistar o mundo com “Aquarius” e “Bacurau”, Kleber já apontava para a inquietação social brasileira com este filme poderoso.
A trama acompanha o cotidiano de moradores de um bairro de classe média no Recife, explorando tensão, controle e desigualdade com uma direção precisa e ritmo crescente. É um retrato cortante das estruturas invisíveis, e muitas vezes opressoras, que moldam a vida urbana no Brasil.