Em muitos doramas, o cuidado aparece como um gesto silencioso, quase corriqueiro. Mas em alguns deles, é por meio desse cuidado — atento, persistente, cheio de pequenas delicadezas — que os personagens reencontram sentido em meio ao caos ou à dor.
Cuidar de alguém, aqui, não é só um ato de altruísmo: é o que reativa vínculos, desfaz cicatrizes emocionais e permite que cada um se veja com mais humanidade. Muitas vezes, os protagonistas dessas histórias estão feridos, frustrados ou emocionalmente paralisados, mas passam a se mover a partir do momento em que acolhem o outro.
O afeto, nesses casos, não é apresentado como uma solução mágica, mas como uma construção diária, feita de escuta, paciência e companheirismo. Em comum, esses quatro doramas mostram que ninguém se salva sozinho — e que, às vezes, é cuidando de alguém que reencontramos a força de nos cuidar também.
1. Navillera (Netflix)
Sim Deok Chul é um aposentado de 70 anos que decide finalmente realizar seu sonho de infância: dançar balé. Na escola de dança, conhece Lee Chae Rok, um jovem talentoso, mas emocionalmente esgotado. A relação entre os dois começa com estranhamento, mas logo se transforma em um laço profundo.
O dorama é um hino ao cuidado intergeracional. Enquanto Deok Chul inspira com sua coragem tardia, Chae Rok oferece suporte técnico e — sem perceber — aprende sobre resiliência, afeto e humildade. O cuidado aqui vai em ambas as direções: o jovem recupera o entusiasmo de viver, e o idoso, seu propósito. Juntos, eles mostram que cuidar também é reconhecer o valor do outro em momentos de silêncio, falhas e reinvenções.
2. Move to Heaven (Netflix)
Geu Roo, um jovem com síndrome de Asperger, perde o pai e passa a viver com o tio Cho Sang Gu, um ex-presidiário relutante. Juntos, assumem a empresa de limpeza pós-luto que lida com os pertences de pessoas falecidas.
No início, Sang Gu cuida de Geu Roo apenas por obrigação. Mas ao longo dos episódios, esse cuidado se transforma em afeto real e em redenção pessoal. O ato de cuidar do sobrinho — com todas as suas rotinas e sensibilidades — força o tio a confrontar seus próprios traumas e responsabilidades. Ao mesmo tempo, Geu Roo encontra na atenção ao outro uma forma de lidar com a própria perda. Um dorama que prova que o cuidado pode ser transformador para quem oferece e para quem recebe.
3. Chocolate (Netflix)
Lee Kang é um neurocirurgião emocionalmente fechado que, em sua juventude, sonhava ser chef. Moon Cha Young é uma cozinheira cheia de empatia, marcada por um encontro do passado com Kang. Eles se reencontram em uma clínica de cuidados paliativos.
É no ambiente da dor e da despedida que os dois descobrem uma nova forma de se conectar. Kang, que havia fechado o coração para evitar sofrer, aprende a expressar sentimentos ao cuidar dos pacientes e receber o cuidado silencioso de Cha Young. Ela, por sua vez, encontra no gesto de alimentar e consolar uma maneira de curar suas próprias perdas. O dorama emociona por mostrar que o cuidado, mesmo em seus gestos mais simples, pode dar sentido à vida e trazer luz mesmo no fim.
4. The Good Bad Mother (Netflix)
Jin Young Soon, uma mãe solo rígida e exigente, cria o filho Kang Ho com disciplina severa para que ele tenha uma vida melhor. Já adulto e bem-sucedido como promotor, Kang Ho sofre um acidente e volta a ter a cognição de uma criança, forçando-os a conviver e recomeçar.
Esse dorama é um estudo profundo sobre os efeitos do cuidado — tanto quando é mal compreendido quanto quando é reaprendido. A mãe precisa reencontrar a ternura que havia perdido na dureza da criação. O filho, por sua vez, passa a enxergar a mãe com olhos novos, dependente do amor que sempre teve, mas que antes parecia frio. O cuidado mútuo entre eles reabre feridas e cicatriza outras. Uma história potente sobre reconstrução de vínculos a partir da vulnerabilidade.