3 doramas que exploram relações entre pais e filhos com dor, silêncio e reconciliação
Entre mágoas não ditas e gestos de cuidado velados, essas histórias mostram como laços familiares podem ser complexos — e também transformadores

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A relação entre pais e filhos nos doramas muitas vezes vai além dos conflitos geracionais óbvios. É um terreno cheio de silêncios acumulados, expectativas não cumpridas, traumas passados e um amor que, mesmo ferido, continua existindo — ainda que disfarçado em gestos duros ou em ausências prolongadas.
Esses vínculos nem sempre são fáceis de assistir. Mas é justamente na imperfeição, no desconforto e na tentativa de reconciliação que as narrativas ganham força. Esses três doramas mergulham fundo nas complexidades dessas relações. Não idealizam nem vilanizam os pais ou filhos, mas mostram como cada lado carrega suas dores, defesas e vulnerabilidades.
Ao longo dos episódios, o espectador acompanha reconexões que não vêm por declarações dramáticas, mas por olhares contidos, silêncios mais leves e escolhas que revelam uma nova escuta. São histórias sobre perdão, mas também sobre o tempo que ele leva — e sobre o que se descobre nesse intervalo.
1. My Mister (2018)
A convivência entre três irmãos e uma mãe silenciosa revela traumas de infância, lealdades profundas e feridas nunca tratadas.
Embora o foco da série esteja na conexão entre Park Dong-hoon e a jovem Lee Ji-an, o pano de fundo familiar é crucial. A relação dos irmãos Park é permeada por silêncios, sacrifícios e ressentimentos guardados.
Cada um carrega as marcas de uma infância difícil e de um pai ausente — e essas marcas moldam a forma como eles se tratam e cuidam um do outro. A série mostra que, às vezes, o amor entre pais e filhos (ou entre irmãos que fizeram esse papel) se manifesta sem palavras, nos gestos pequenos, no estar ali mesmo quando tudo parece desabar.
2. When the Camellia Blooms (2019)
Uma mãe solo cria seu filho com coragem, enfrentando julgamentos sociais e ausências paternas que ainda a assombram.
Neste dorama, a protagonista Dong-baek tenta viver em paz com seu filho pequeno, enfrentando preconceitos por ser mãe solteira. A ausência do pai da criança é uma ferida constante, e sua própria relação com a mãe biológica — que a abandonou — adiciona camadas de dor e abandono.
A série não se esquiva de mostrar os efeitos emocionais de pais que ferem ou desaparecem, mas também oferece espaço para recomeços. A reconciliação aqui é lenta, incômoda e cheia de ruídos — como a vida real.
3. Move to Heaven (2021)
Um jovem com síndrome de Asperger e seu tio ex-presidiário se aproximam após a morte do pai, reconstruindo um vínculo familiar a partir do luto.
A série começa com a morte de Jeong-woo, pai de Geu-ru, que deixa a guarda do filho para o irmão distante e problemático. Ao assumir a função de tutor, Sang-gu precisa não só aprender a cuidar do sobrinho, mas também lidar com a culpa e a dor de anos de afastamento.
Em paralelo, Geu-ru tenta entender o mundo sem a figura paterna que era também seu porto seguro. O dorama emociona ao mostrar como a ausência pode provocar rachaduras irreversíveis, mas também criar brechas para novas formas de amar.