Câncer de ovário: por que as mulheres devem redobrar os cuidados após os 50 anos

Com sintomas sutis e diagnóstico difícil, o câncer de ovário representa um risco elevado para mulheres, exigindo atenção redobrada sobre o assunto.

Publicado em 09/05/2025 às 16:35 | Atualizado em 09/05/2025 às 16:40
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Embora menos frequente do que outros tipos de câncer ginecológico, como o de colo do útero, o câncer de ovário continua sendo o mais letal entre eles.

Sua principal armadilha é a evolução silenciosa, que dificulta o diagnóstico precoce e reduz significativamente as chances de cura.

Segundo o ginecologista Eduardo Batista Cândido, Presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, cerca de 65% dos casos são descobertos em estágios avançados.

“Por isso, nos anos 2000, o câncer de ovário era conhecido como o ‘matador silencioso’, já que apresenta sintomas pouco específicos”, alerta o especialista.

Estima-se que mais de 670 mil novos casos de câncer de ovário ocorram anualmente em todo o mundo — e metade das pacientes diagnosticadas acabam não resistindo.

No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê de 6 a 7 mil novos casos por ano, o que reforça a importância de ampliar a conscientização e o cuidado com a saúde ginecológica.

Sintomas muitas vezes ignorados

Os sinais da doença tendem a ser confundidos com problemas gastrointestinais comuns, o que contribui para o atraso no diagnóstico.

Entre os sintomas mais relatados estão: inchaço abdominal, gases, sensação de estômago cheio, mudanças no apetite e no funcionamento do intestino, com constipação ou diarreia frequentes.

“Esses sintomas precisam ser levados a sério, sobretudo em mulheres pós-menopausa”, orienta o Dr. Eduardo Cândido.

Fatores de risco e formas de prevenção

A idade é um dos principais fatores de risco: o câncer de ovário é mais comum após a menopausa, com pico de incidência por volta dos 60 anos.

O histórico familiar também exige atenção, especialmente quando há mutações genéticas como as dos genes BRCA1 e BRCA2, que aumentam o risco tanto de câncer de ovário quanto de mama.

“Pacientes com essas mutações genéticas se beneficiam de uma abordagem preventiva, como a salpingooforectomia bilateral, que consiste na retirada dos ovários e trompas. Isso pode reduzir drasticamente a mortalidade por câncer de ovário”, explica o médico.

Um dos maiores desafios: diagnosticar precocemente

Ao contrário de outros tipos de câncer, como o de colo do útero, o câncer de ovário ainda não conta com um método eficaz de rastreamento populacional.

Exames como o ultrassom transvaginal e o marcador tumoral CA-125 não têm sensibilidade e especificidade suficientes para detectar o tumor em seus estágios iniciais.

“Esses métodos só detectam alterações quando o tumor já está avançado, o que compromete a efetividade do diagnóstico precoce”, pontua Cândido.

Estudos de larga escala com mais de 100 mil mulheres revelaram que a realização rotineira desses exames não reduz a mortalidade associada à doença, o que evidencia a necessidade de vigilância individualizada, principalmente em mulheres com fatores de risco.

Tratamentos convencionais e novas esperanças

O tratamento padrão envolve cirurgia para remoção completa do tumor e quimioterapia com medicamentos como as platinas e os taxanos.

Mesmo assim, o risco de recidiva é alto: até 75% das pacientes enfrentam o retorno da doença, muitas vezes exigindo novos ciclos de tratamento até que deixem de surtir efeito.

Nos últimos anos, no entanto, a medicina tem avançado com terapias inovadoras. Os inibidores de PARP, por exemplo, têm mostrado resultados animadores em pacientes com determinadas mutações genéticas, ajudando a controlar a progressão da doença e a melhorar a qualidade de vida.

A imunoterapia também começa a ganhar espaço como alternativa de tratamento, oferecendo novas perspectivas de enfrentamento.

Cuidar de si é parte da prevenção

Adotar hábitos saudáveis também pode colaborar para a prevenção.

“Manutenção do peso, alimentação rica em fibras, prática regular de atividade física e visitas regulares ao ginecologista são pilares fundamentais do autocuidado”, explica o Dr. Eduardo Cândido.

Ele ressalta ainda que mulheres com histórico familiar significativo devem buscar aconselhamento genético para avaliação de risco. Mesmo sendo uma doença silenciosa, o câncer de ovário precisa ser levado a sério.

A atenção aos sinais do corpo, o conhecimento sobre os fatores de risco e o avanço das terapias representam passos fundamentais para detectar precocemente e lidar de forma mais eficaz com esse tipo de tumor.

“O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.”

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