Revolução aos 45+: como mulheres estão ressignificando a menopausa

Com acompanhamento médico e exercícios, problemas comuns da menopausa, como insônia e ganho de peso, podem ser trocados por mais saúde e disposição.

Publicado em 06/05/2025 às 13:20
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Com a chegada dos 45 anos, muitas mulheres começam a perceber os efeitos da transição hormonal rumo à menopausa.

Ondas de calor, insônia, alterações de humor, fadiga frequente e aumento de peso tornam-se queixas comuns nessa fase da vida.

Mas, em contrapartida, é também nesse período que cresce o número de mulheres que escolhem iniciar — ou retomar — a prática de atividade física. E os resultados vão muito além da aparência física.

“Os principais hormônios envolvidos no desempenho físico feminino são o estrogênio, a progesterona, a testosterona e o cortisol. Eles regulam desde a disposição até o metabolismo, a massa muscular e o bem-estar emocional”, explica o endocrinologista da seleção brasileira, Dr. Reinaldo Martins.

Esses hormônios não apenas oscilam ao longo da vida, mas também variam de forma intensa dentro do próprio ciclo menstrual.

“Na fase folicular, após a menstruação, o estrogênio está em alta, favorecendo a disposição e a força. Já na fase lútea, antes da próxima menstruação, é comum um maior cansaço, retenção de líquidos e maior sensibilidade emocional”, diz o médico.

Tais variações hormonais, que se intensificam na perimenopausa, afetam diretamente a energia e o desempenho físico — e exigem treinos adaptados ao momento hormonal de cada mulher.

Pesquisas têm reforçado esse impacto positivo. Um estudo publicado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (2019) apontou que mulheres na pós-menopausa que adotaram a musculação como prática regular apresentaram ganhos expressivos na densidade óssea, na composição corporal e na vitalidade, mesmo sem fazer reposição hormonal.

Outro levantamento, da North American Menopause Society, identificou que a prática regular de atividades físicas pode reduzir em até 60% sintomas como insônia, ansiedade e ondas de calor entre os 50 e 65 anos.

“O exercício atua como um regulador natural de hormônios. Ele melhora a sensibilidade à insulina, reduz o cortisol — que em excesso contribui para o acúmulo de gordura abdominal — e estimula a produção de serotonina e dopamina, neurotransmissores ligados ao prazer e ao equilíbrio emocional”, afirma Dr. Reinaldo.

Além da musculação, outras atividades como caminhada, dança, ioga e pilates oferecem importantes benefícios, sobretudo para aquelas que estão voltando ao movimento após anos de sedentarismo.

No entanto, vale o alerta: mesmo sem perfil atlético, mulheres que treinam com frequência podem enfrentar desequilíbrios hormonais se não houver orientação adequada.

“Fadiga crônica, ciclos menstruais irregulares, alterações no sono e perda de libido podem ser sinais de que o corpo está sobrecarregado”, diz o endocrinologista.

“É por isso que a avaliação médica individualizada é tão importante. Cada mulher tem uma resposta hormonal única.”

A endocrinologia esportiva tem avançado justamente para criar abordagens personalizadas. Exames hormonais, ajustes nutricionais e, quando indicado, terapias hormonais específicas fazem parte desse cuidado que prioriza a individualidade feminina.

Entre os fatores que exigem atenção está o uso de anticoncepcionais hormonais.

“Eles são seguros, mas dependendo do tipo e da dosagem, podem impactar a força muscular, o metabolismo e até a motivação. Não existe resposta única — tudo depende do objetivo, da idade e da história clínica da paciente”, explica.

Na menopausa, embora os desafios sejam maiores, os benefícios da prática regular de atividade física tornam-se ainda mais expressivos.

“A prática regular ajuda a reduzir os sintomas vasomotores, melhora a memória e protege contra doenças cardiovasculares, que se tornam mais comuns após a perda do efeito protetor do estrogênio”, aponta Dr. Reinaldo.

Mais do que desempenho atlético, o exercício nessa etapa tem a ver com liberdade e longevidade.

“A mulher madura não precisa treinar como atleta. Ela precisa se mover com prazer, com consciência e com segurança. Isso transforma a forma como ela envelhece.”

Ainda que, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE), apenas 26,6% das mulheres com mais de 55 anos pratiquem o mínimo de atividade física recomendada, essa realidade está mudando.

A popularização de informações e o surgimento de programas voltados à saúde da mulher na maturidade têm impulsionado um novo cenário.

“A longevidade ativa começa com uma escolha. E a atividade física, aliada ao conhecimento hormonal, é uma ferramenta poderosa para transformar o corpo, a mente e o futuro dessas mulheres”, finaliza o Dr. Reinaldo.

“O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.”

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