Mentir compulsivamente pode estar relacionado a transtornos psicológicos? Médico explica

Todo mundo mente – é algo normal e faz parte da natureza humana. No entanto, quando se torna um hábito compulsivo, pode ser um sinal de alerta.

Publicado em 31/03/2025 às 17:12
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No dia 1º de abril, as redes sociais são inundadas por brincadeiras e histórias falsas, afinal, essa é a data do famoso Dia da Mentira.

Tradicionalmente marcado por trotes e pegadinhas, o hábito de mentir vai além da diversão e envolve mecanismos complexos do cérebro humano.

Segundo o Pós PhD em neurociências e membro da Royal Society For Neuroscience, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, mentir é normal, faz parte da natureza humana. No entanto, quando feito demasiadamente, mentir pode estar ligado a transtornos psicológicos.

"A mentira é um comportamento mental normal do ser humano, ela envolve vários processos cerebrais, como o controle da linguagem e a tomada de decisão, mas o seu uso excessivo ou patológico pode indicar problemas, como transtornos de personalidade ou psicológicos", explica o especialista.

Como o cérebro mente?

Além de criar mentiras, o cérebro também desenvolve artimanhas para sustentar o argumento ludibrioso. Diversas áreas do cérebro atuam em conjunto com o objetivo de sustentar a mentira, explica o Dr. Fabiano.

"Para contar uma mentira, o cérebro passa por diversas etapas, o córtex pré-frontal, ventromedial e orbitofrontal analisam valores e decidem omitir fatos, optando por algo mais favorável”.

“Em seguida, o lobo temporal examina memórias e emoções para construir uma história mais crível e por fim, o córtex cingulado anterior controla sinais físicos que possam denunciar a mentira, como culpa ou nervosismo", detalha o neurocientista.

Esse processo permite que algumas mentiras sejam mais convincentes e difíceis de detectar, enquanto outras apresentam pequenas inconsistências que facilitam sua identificação.

Quando a mentira se torna um transtorno

Embora mentir ocasionalmente seja um comportamento comum, quando se torna um hábito compulsivo, pode ser um indício de transtornos psicológicos.

"Transtornos de personalidade, como o narcisista, borderline ou antissocial, podem ter a mentira constante como um sintoma, em muitos casos, a mentira é usada como estratégia de manipulação ou para encobrir sentimentos de inadequação", explica o Dr. Fabiano.

Além disso, existe um transtorno específico relacionado à mentira: a mitomania. Essa condição leva à compulsão incontrolável de mentir, muitas vezes sem motivo aparente. Pessoas com mitomania criam narrativas elaboradas e dramáticas, ignorando as possíveis consequências.

Detectar quando alguém não está sendo verdadeiro pode ser um desafio, mas alguns sinais ajudam a perceber quando uma história não é confiável.

"Observar a linguagem e o comportamento é essencial para identificar se alguém está falando a verdade, pequenos sinais como mudanças na voz, inconsistências na narrativa, microexpressões que contradizem o discurso e relatos muito dramáticos ou improváveis podem indicar que a pessoa está mentindo", afirma o Dr. Fabiano.

“O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.”

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