"Dona de Mim" mantém bons índices e conquista público com leveza e carisma

Com leveza e toques de humor, nova novela das 19h aposta em carisma da protagonista e conexão afetiva para cativar o público

Publicado em 19/05/2025 às 11:26
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Há três semanas no ar, a novela Dona de Mim, exibida na faixa das 19h na TV Globo, já apresenta um desempenho positivo e promissor.

Escrita por Rosane Svartman, a trama tem a missão de suceder a bem-recebida ***Volta por Cima*** e, até o momento, vem mantendo a audiência e o interesse do público, mesmo com alguns desafios narrativos.

A novela gira em torno de Leona (interpretada por Clara Moneke), uma jovem do subúrbio que é contratada como babá da pequena Sofia (Elis Cabral), filha do empresário Abel (Tony Ramos).

A ligação entre as duas é tocante: a criança tem o mesmo nome da filha que Leona perdeu durante uma gestação. Esse vínculo emociona o público e rende cenas delicadas e cativantes. Leona também passa a lidar com a atenção dos irmãos Davi (Rafael Vitti) e Samuel (Juan Paiva), filhos do patrão, abrindo espaço para um triângulo amoroso.

Como em outros trabalhos, Svartman aposta em referências clássicas e personagens com apelo popular. Leona, com seu jeito desastrado e divertido, remete a uma "noviça rebelde" suburbana, e Clara Moneke, em ascensão na emissora, brilha com naturalidade e sintonia com todo o elenco, especialmente com a atriz mirim Elis Cabral.

Apesar do tom leve, a novela por vezes recorre a soluções infantis demais, como um salto colado com chiclete ou uma caixa d’água sabotada com groselha. Ainda assim, a proposta infantilizada tem seu apelo e se conecta com parte do público que busca narrativas mais singelas e escapistas, sem a necessidade de violência e reviravoltas constantes.

Nem todos os personagens, no entanto, seguem no mesmo ritmo. Marlon (Humberto Morais), lutador evangélico que realiza o sonho de se tornar policial militar, protagoniza um arco com potencial, mas acaba caindo na repetição ao citar passagens bíblicas em excesso. O recurso, pensado para atrair o público religioso, pode acabar afastando espectadores pela caricatura.

Outra que ainda não se firmou é Filipa (Cláudia Abreu), esposa de Abel. Sempre em crise, a personagem parece presa em reclamações e conflitos internos.

Apesar disso, abre espaço para homenagens ao teatro e promete se desenvolver mais nos próximos capítulos, principalmente com a aproximação de Danilo (Felipe Simas) e Jaques (Marcello Novaes), o antagonista ainda pouco explorado.

A direção artística de Allan Fiterman entrega momentos criativos, mas por vezes falta naturalidade nas cenas mais ousadas. Flashbacks são utilizados à exaustão para contextualizar o público, mas algumas perguntas seguem sem resposta, como a tentativa de suicídio de Abel e seu passado com Ellen (Camila Pitanga).

Com previsão de 221 capítulos e temas como maternidade como fio condutor, Dona de Mim deve permanecer no ar até 2026. Mesmo com tropeços e momentos questionáveis, a experiência da autora e sua equipe indica que a novela seguirá com qualidade e coerência.

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