Como usar o ChatGPT para revisar seu próprio argumento — sem viés de confirmação
Você pode transformar o ChatGPT em uma ferramenta de revisão crítica, que tensiona seu raciocínio sem repetir o que você já acredita

Clique aqui e escute a matéria
Um dos grandes riscos em qualquer processo de argumentação é o chamado viés de confirmação — a tendência natural de buscarmos, validarmos e priorizarmos informações que sustentem o que já acreditamos. Isso não é só um problema em debates públicos ou discussões ideológicas. Ele se infiltra na rotina de trabalho, em decisões estratégicas e até em planejamentos pessoais.
Mas e se fosse possível contar com uma espécie de “advogado do diabo” digital, que tensionasse suas ideias com respeito, mas sem complacência? É exatamente isso que o ChatGPT pode fazer, desde que você saiba como guiá-lo.
Ao pedir que a ferramenta revise seu argumento, você não quer apenas um corretor de gramática. O objetivo é construir um espaço de contraponto — com perguntas, provocações e sugestões que revelem falhas de lógica, generalizações apressadas ou lacunas invisíveis para quem está convencido demais. Neste texto, explicamos como fazer isso, em dois formatos: com perguntas simples e com prompts estruturados para revisão crítica.
1. Comece com um pedido direto, mas com contexto
O ideal é explicar rapidamente sua tese e pedir que o modelo traga contra-argumentos. Algo como:
“Aqui está meu argumento: [coloque seu texto]. Agora, me mostre os principais pontos fracos, falácias ou aspectos que precisam de aprofundamento. Considere que quero uma análise honesta, sem suavizações.”
Esse comando já ativa um modo mais analítico. Se quiser ir além, você pode acrescentar instruções como: “ponha-se no papel de alguém que discorda radicalmente de mim, mas é intelectualmente honesto”.
2. Peça contrapontos com base em evidências
Outra variação eficaz é:
“Revise esse argumento como se você fosse um revisor crítico de um artigo científico. O que está mal fundamentado? O que pode ser refutado?”
Isso força o modelo a buscar coerência, não apenas retórica. É útil especialmente para textos opinativos, relatórios ou qualquer conteúdo que tenha consequências práticas.
3. Teste o “modo debate”: um prompt, duas visões
Você pode pedir que o ChatGPT atue com duas vozes:
“Leia meu argumento e me devolva uma versão a favor e outra contra, com o mesmo nível de qualidade e profundidade.”
Esse recurso ajuda a ver sua própria lógica sendo desafiada — ou fortalecida. O que parecia indiscutível ganha outras cores. E o melhor: sem precisar chamar alguém para discordar de você presencialmente.
4. Reescreva com distanciamento
Se quiser ver como o argumento se sustenta fora da sua bolha, peça:
“Reescreva esse argumento como se fosse publicado em um jornal com linha editorial oposta à minha. O que mudaria no tom ou na seleção de dados?”
Esse exercício força um deslocamento narrativo importante. Você começa a enxergar onde está se repetindo, onde está sendo raso ou onde está ignorando nuances.