Criar imagens no ChatGPT consome mais energia do que parece — e pode ter alto impacto ambiental

Gerar imagens ou realizar pesquisas com IA deixou de ser apenas uma prática tecnológica inovadora para se tornar uma preocupação ambiental

Publicado em 27/06/2025 às 15:22
Google News

Clique aqui e escute a matéria

Gerar imagens no ChatGPT ou realizar pesquisas com inteligência artificial deixou de ser apenas uma prática tecnológica inovadora para se tornar uma preocupação ambiental.

Segundo estimativas recentes, cada consulta simples a modelos como o GPT-4o pode consumir até 0,3 watt-hora (Wh) de eletricidade. Isoladamente, o número parece pequeno.

Mas, multiplicado pelos mais de 400 milhões de usuários semanais da OpenAI, o impacto é significativo: são cerca de 952 mil kWh por semana — energia suficiente para manter uma geladeira ligada por quase 3 mil anos.

Em reportagem do Wall Street Journal, a jornalista Joanna Stern visitou um data center da Equinix em Ashburn, na Virgínia, onde operam milhares de GPUs Nvidia H100, base de muitos sistemas de IA.

A experiência acendeu um alerta: além da enorme carga elétrica, essas máquinas demandam grandes volumes de água para resfriamento, aumentando ainda mais a pegada ambiental.

“Parece um exército de máquinas famintas por energia”, descreveu Stern, apontando que o consumo de eletricidade dos data centers já se projeta como um dos maiores desafios ambientais para as próximas décadas.

IA consome mais que uma busca comum na web

A comparação com ferramentas convencionais mostra o contraste.

Enquanto uma simples busca no Google consome cerca de 0,03 Wh, uma interação com IA pode consumir de 10 a 100 vezes mais, dependendo da complexidade.

Um e-mail gerado com 100 palavras, por exemplo, pode consumir cerca de 0,14 kWh — equivalente ao necessário para preparar uma refeição simples.

Já a geração de vídeos com IA, como os que vêm sendo oferecidos por novas plataformas integradas à OpenAI, pode ultrapassar 110 Wh por vídeo de poucos segundos.

Falta transparência das big techs

Apesar da crescente atenção ao tema, empresas como Google, Microsoft e Meta ainda oferecem pouca transparência sobre o consumo de energia de seus modelos.

A OpenAI divulgou que cada consulta típica ao ChatGPT consome, em média, 0,34 Wh. Mas o dado é uma estimativa baseada em tarefas simples, e não reflete o consumo em usos mais intensivos como imagens ou análises complexas.

A especialista Sasha Luccioni, referência global na interseção entre IA e meio ambiente, defende a criação de padrões claros de eficiência energética para o setor.

Em parceria com a OCDE, ela trabalha no desenvolvimento de uma espécie de “selo verde” para modelos de IA, inspirado no Energy Star dos eletrodomésticos.

“O impacto de um modelo não se limita ao treinamento, mas se acumula ao longo de toda a sua vida útil”, afirma Luccioni.

Ela lidera iniciativas como o CodeCarbon, uma ferramenta que estima emissões de carbono e uso energético em tempo real durante o uso de IA — já adotada por empresas como a Meta, que a usou na avaliação de seu modelo Llama.

O futuro da IA também depende da energia que ela consome

Com a IA caminhando para movimentar cerca de US$ 13 trilhões até 2030, entender seu impacto ambiental se torna tão urgente quanto seu desenvolvimento tecnológico.

Especialistas como Luccioni defendem que, para garantir um futuro mais sustentável, será essencial medir e divulgar com precisão o custo energético de cada nova aplicação.

“À medida que essas tecnologias se tornam parte essencial da sociedade, precisamos garantir que elas evoluam com responsabilidade”, conclui a pesquisadora.

Fonte: Exame

Tags

Autor