"Gloria!" transforma história de jovens musicistas em hino à liberdade feminina

O filme foi a estreia da pré-abertura da 12ª edição do 8½ Festa do Cinema Italiano do Brasil. 11 filmes serão exibidos ao longo da semana

Publicado em 26/06/2025 às 20:56
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A escolha de um belo musical histórico não poderia ter sido melhor para abrir a 12ª edição do 8½ Festa do Cinema Italiano do Brasil. O Moviemax Rosa e Silva recebeu convidados para a pré-abertura do evento na última quarta-feira (25), com a exibição do filme “Gloria!”, dirigido por Margherita Vicario.

O longa-metragem foi altamente aclamado pela crítica e conquistou prêmios como Prêmio David di Donatello de Melhor Novo Diretor e Prêmio David di Donatello de Melhor Música.

Além de ter integrado a seleção oficial da 74ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, concorrendo ao prestigiado Urso de Ouro. O filme teve estreia no dia 21 de fevereiro de 2024, no Berlinale Palast, e lançado na Itália em 11 de abril de 2024.

Com classificação indicativa para maiores de 12 anos, Gloria! é ambientado na Veneza do final do século XVIII. É retratada a inspiradora jornada de Teresa, uma jovem que vive no Instituto Sant’Ignazio, um orfanato feminino que também funciona como conservatório de música.

Em meio à decadência do local, Teresa encontra um piano-forte que desperta nela uma nova paixão. Ao lado de outras meninas talentosas, ela começa a criar uma música inovadora, que mistura elementos clássicos com um espírito pop moderno e desafiador para a época.

Divulgação
Imagem do filme Gloria! - Divulgação

A amizade e liberdade feminina como pontos-chave

De início, acompanhamos jovens no Instituto Sant’Ignazio, um orfanato e conservatório para mulheres que não tem famílias e se encontram na música. Teresa (Galatéa Bellugi) é mulher tímida, que trabalha como empregada no lugar, e, logo de cara, percebe-se que ela não fala, o que dá a entender que ela é uma pessoa com deficiência na fala.

Também é mostrado um grupo de quatro amigas, parte da orquestra do maestro Perlina (Paolo Rossi), que também é padre. O enredo se dá quando o Papa decide fazer uma visita à instituição, exigindo que as mulheres preparem uma apresentação especial para ele.

O problema é que o maestro não dá muitas oportunidades para as meninas e, muitas vezes, as tratam com desdém, não reconhecendo o verdadeiro valor. É aí que entra Teresa. A empregada descobre um piano em um dos lugares escondidos no local e o grupo de amigas, composto por Lucia (Carlotta Gamba), Bettina (Veronica Lucchesi), Marietta (Maria Vittoria Dallasta) e Prudenza (Sara Mafodda), se juntam à mulher para compor e se divertir durante as madrugadas.

Apesar de não se gostarem de primeira, as meninas acabam construindo uma grande amizade, passando pelos desafios impostos durante o filme e encontrando na música um ponto de união e força.

Por mais que o roteiro seja muito fluido e muito gostoso de assistir, algo que complementa essa experiência é a fotografia, além de ser belíssima, ser muito bem trabalhada. O ambiente tem uma grande parcela de culpa em deixar o longa-metragem muito mais emocionante aos olhos do público.

Margherita Vicario debutou no ramo da direção com Gloria! e pode ser considerado um grande primeiro filme, não é à toa que o longa ganhou prêmio nessa categoria. É aquele tipo de filmagem leve, mas não boba, com posicionamentos de câmera muito confortáveis, que melhoram muito a imersão do filme. Um longa sobre mulheres dirigido por outra mulher é uma das maiores combinações que a sétima arte pode propor.

O elenco também fez um ótimo trabalho. Em especial, Paolo Rossi. Por mais que seja o “vilão”, acaba se tornando um alívio cômico para o filme, com carisma e falas engraçadas para aliviar a tensão em diversas situações. Esse poder de tratar temas sérios com personagens leves é algo difícil de fazer sem banalizar totalmente as cenas importantes. Gloria! consegue isso sem tirar o peso que aquilo precisa passar.

E podem esperar muitas reviravoltas quando o filme vai se aproximando do arco final! As partes mais previsíveis são substituídas por cenas surpreendentes.

Mais que um drama musical, é um manifesto sobre a força transformadora da arte e a luta por liberdade em um mundo marcado por opressões de gênero. O filme celebra a amizade, o amor e a criatividade feminina ao homenagear compositoras esquecidas pela história.

Com uma trilha sonora contagiante e um visual deslumbrante, o longa italiano-suíço reinventa o passado com uma linguagem ousada, mostrando como a arte pode reescrever o futuro.

Além de Gloria!, ao todo, serão exibidos 11 filmes. No Recife, a mostra acontece nas salas do cinema Moviemax Rosa e Silva, entre os dias 26 de junho e 2 de julho. Os ingressos podem ser garantidos através do site https://www.moviemax.com.br/ ou presencialmente na bilheteria.

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