O Recife será palco, neste sábado (28), de uma das mais potentes celebrações da cultura afro-brasileira da cidade. A partir das 17h, o bairro de Dois Unidos, na zona norte, recebe o Festival Obá N’Lú, evento que homenageia os 80 anos do Amalá de Xangô, o tradicional Banquete do Rei promovido pela tradição Nagô de Pernambuco.
Reconhecida como Patrimônio Cultural dos Povos e Comunidades pelo Iphan, a celebração reúne mais de 40 casas de axé da capital, de diferentes nações, em um grande encontro de fé, memória e resistência.
Com programação gratuita, o festival acontecerá na Rua da Bela Vista, 322, entre dois importantes terreiros da região: o Ilé Obá Aganjú Okoloyá e o Ilé Ará Abòríxá. A festa inclui rituais sagrados, comidas tradicionais, apresentações culturais, um alujá em honra a Xangô e a tradicional Procissão de São João, que sairá do Ilé Obá Aganjú Okoloyá em direção ao Ilé Ará Abòríxá.
As mulheres vestidas de baianas darão ainda mais força simbólica à caminhada, marcada pelo sincretismo religioso e pela valorização da ancestralidade.
“O Amalá de Xangô é mais do que um banquete, é a renovação de uma aliança espiritual, cultural e comunitária. Estamos reunindo o que há de mais forte na nossa tradição para celebrar a vida e reafirmar que o candomblé continua pulsando nas veias do Recife”, afirma Babalorixá Gustavo Alves, do Ilé Ará Abòríxá.
Além dos rituais e da espiritualidade, o Festival Obá N’Lú também terá espaço para a música e a cultura popular. Entre as atrações confirmadas estão o Coco dos Guarás, o Grupo Akoda e a cantora Dany Myler, que promete trazer seu forró e brega para esquentar ainda mais a noite.
Também estão previstas participações especiais de Faringes da Paixão e da artista Gabi do Carmo, ampliando a diversidade de sons que ecoarão no evento.
Durante o festival, a Secretaria de Direitos Humanos e Juventude do Recife fará o anúncio do “Censo do Axé do Recife”, uma política pública que visa mapear, reconhecer e fortalecer as comunidades de matriz africana da cidade. O lançamento representa um avanço no compromisso institucional com a reparação histórica e a proteção dessas tradições.
“O ‘Censo do Axé’ é um passo fundamental para que o poder público possa agir com base em dados concretos, reconhecendo a diversidade dos povos tradicionais de matriz africana e suas contribuições para a cidade. É uma ferramenta de visibilidade, planejamento e respeito dialogada com os movimentos e que estamos implementando”, destaca Marco Aurélio Filho, secretário de Direitos Humanos e Juventude do Recife.