18ª Sambada de Dona Glorinha do Coco movimenta os festejos juninos no Amaro Branco, em Olinda
Homenagem à mestra Dona Glorinha reúne gerações do coco de roda em Olinda com apresentações gratuitas e celebração da cultura popular.

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Nesta sexta-feira (27), a partir das 19h, o bairro do Amaro Branco, em Olinda, recebe a 18ª Sambada de Dona Glorinha do Coco, que presta uma homenagem à saudosa mestra Dona Glorinha do Coco, figura icônica da cultura popular pernambucana.
A programação conta com apresentações do Coco do Amaro Branco, Cila do Coco, Seu Gervásio, Mestre Viola Luz, Coco da Resistência, Coco do Pneu, Raízes do Amaro Branco — grupo jovem formado por Heloisa Braz, de 17 anos, neta de Dona Glorinha — além da participação especial das Filhas de Baracho e Lia de Itamaracá.
O encontro acontece na Rua dos Pescadores e o acesso é gratuito e aberto ao público em geral.
A festa reverencia Dona Glorinha do Coco, que faleceu em março de 2024, aos 89 anos, deixando um legado valioso, incluindo a tradicional sambada junina realizada há 18 anos na Rua dos Pescadores. Ao longo dos anos, o evento contou com a presença de diversos mestres e mestras, como Pombo Roxo, Mestre Ferrugem, Mestre Dédo, Mestra Beata, Aurinha do Coco, Margarida Sambão e Dona Ritinha da Garrafa.
Apesar da ausência dessas figuras importantes, a sambada segue com as novas gerações, sob a produção de Isa Melo, diretora da Coco Produções. Em 2025, o evento conta com apoio da Fundarpe, da Prefeitura de Olinda e incentivo da PNAB – PE, por meio de projeto aprovado por Renata Braz, neta de Dona Glorinha e uma das responsáveis por manter viva a tradição familiar.
Segundo Isa Melo, o evento também movimenta a economia criativa local: “É um movimento importante que gera renda para os pequenos comerciantes e mantém viva uma tradição que faz do bairro uma referência do coco de roda em Pernambuco”.
A presença especial de Lia, Biu e Dulce — comadres de Dona Glorinha — fortalece a homenagem. Elas estiveram ao lado da mestra em ações culturais como o Centro Cultural Estrela de Lia, o Festival O Canto da Sereia e o Encontro de Comadres, do SESC/PE. Nesta edição, a roda se abre para a ciranda, num gesto coletivo que celebra a vida, a cultura e a alegria do povo pernambucano.
Sobre a mestra Dona Glorinha do Coco
Nome artístico de Maria da Glória Braz de Almeida, Dona Glorinha foi uma das principais guardiãs do coco de roda em Olinda. Nascida no Amaro Branco, era neta de Joana — que fugiu da escravidão — e filha de Maria Belém, cofundadora do Acorda Povo e do Clube da Escola de Samba Oriente.
Começou aos sete anos, cantando em tamborete ao lado da mãe, com voz e tamancos de madeira. Durante décadas, manteve viva a tradição das rodas de coco, especialmente no ciclo junino, reunindo a comunidade em frente à sua casa, onde a sambada se tornou referência cultural.
Discos lançados na terceira idade
- 2013: Lançou o álbum independente Dona Glorinha do Coco, finalista no Prêmio da Música Brasileira (2015).
- 2019: Lançou Noite Linda, com nove faixas, fruto de prêmio do Ministério da Cultura.
Apresentou-se em Portugal e Cuba, participou do documentário O Coco, a Roda, o Pneu e o Farol (2007), além de estar presente em exposições como Retratos do Coco do Amaro Branco.
Prêmios e reconhecimento
- Finalista do Prêmio da Música Brasileira (2015)
- Medalha das Heroínas de Tejucupapo (2021)
- Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular (2017)
- Luto oficial de 3 dias decretado pela Prefeitura de Olinda após seu falecimento em 29 de março de 2024
- Reconhecimento da Secretaria de Cultura de Pernambuco como símbolo da resistência cultural
Dona Glorinha transmitiu sua tradição a netos, bisnetos e tataranetos. Sua neta Renata será a herdeira simbólica do seu “anel de coquista”. Seu legado fortaleceu a identidade e o pertencimento comunitário no Amaro Branco e representou a força ancestral da cultura pernambucana.
SERVIÇO
O QUÊ: 18ª Sambada de Dona Glorinha do Coco
ONDE: Rua dos Pescadores, 266 - Amaro Branco, Olinda
QUANDO: Sexta-feira, 27 de junho de 2025
HORÁRIO: A partir das 19h
ENTRADA: Gratuita