Clara Simas lança fotolivro "Meu pai morreu três vezes" nesta quinta (05) na Garrido Galeria
Evento de lançamento do fotolivro ocorreu nesta quinta (5), em Santana, na Zona Norte do Recife. Obra reúne arquivos para montar uma narrativa visual

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O lançamento do fotolivro "Meu pai morreu três vezes", da artista visual Clara Simas, ocorreu nesta quinta-feira (05), na Garrido Galeria, em Santana, zona norte do Recife. O evento contou com amigos, familiares e admiradores de Clara.
"Meu pai morreu três vezes" é uma obra que mistura ficção e memória em uma jornada de sete anos para reconstruir a figura de seu pai, Manoel Costa, também conhecido como Caveirinha.
Com apoio do Funcultura e da Lei Paulo Gustavo, o projeto tem lançamentos no Rio, São Paulo, Recife e inclui também a exibição remasterizada do filme Meteorango Kid, no qual o pai atuou.
A publicação propõe um diálogo póstumo entre filha e pai, reconstituído a partir de arquivos esquecidos, cenas de cinema e lembranças reinventadas.
"Esse fotolivro é fruto de uma pesquisa que venho desenvolvendo há sete anos. Ele ganha agora uma de suas formas finais e foi produzido majoritariamente em Pernambuco, com uma equipe muito pernambucana, embora também conte com algumas colaborações de São Paulo. Lançamos recentemente em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a recepção tem sido muito especial", ressalta Clara.
A obra é estruturada em três capítulos, cada um focado em um personagem que representa uma faceta do pai: o homem comum, o anti-herói e o pai.
"O livro trata do processo de luto pela perda de um pai que, em vida, já era bastante ausente. Ele mistura diferentes materiais de arquivo, meus e dele, além de trechos de quatro filmes das décadas de 1960 e 70, do ciclo Super-8 de Pernambuco e do cinema marginal", diz.
Clara reuniu imagens, depoimentos e arquivos de filmes para montar uma narrativa visual que imita a desordem da memória.
Depoimentos de familiares e amigos ajudaram a preencher lacunas emocionais e históricas, enquanto cenas de morte nos filmes em que o pai atuou serviram de metáfora para seu próprio luto, levando Clara à pergunta central do projeto: quantas vezes alguém pode morrer?
"Tivemos o privilégio de acompanhar de perto todo o processo de realização desse material, que é ao mesmo tempo, tão rico, sensível e profundamente autobiográfico", comenta Guilherme Moraes, editor do fotolivro. "Clara conseguiu reunir uma série de imagens e arquivos de origens diversas para ficcionalizar uma narrativa que transita entre a invenção e a memória".
O escultor da fotografia da capa do livro, Cavani Rosas, também expõe sentimentos sobre a obra:
"Estou me sentindo muito honrado por ver uma fotografia de uma escultura minha na capa do livro. Nós éramos muito amigos, ele tinha essa foto daquela época. Éramos amigos da boemia, não só daqui, mas também de São Paulo. Foi uma grande surpresa e uma alegria imensa ver essa foto na capa", finaliza.
A obra já circula em exposições internacionais e é finalista do Dummy Awards'25. Ela é descrita por Clara como uma tentativa de inventar um pai possível, um processo de elaboração do luto que, ao mesmo tempo, revela os fragmentos que formam nossas identidades e histórias.