"Yerma Atemporal" leva o grito silenciado da mulher aos palcos do Agreste de Pernambuco com poesia, dor e resistência
A peça transforma o sofrimento da protagonista, uma mulher consumida pelo desejo de ser mãe em metáfora viva das amarras sociais e afetivas

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Nos dias 10 e 11 de junho, em Garanhuns, e 24 e 25 de julho, em Caruaru, o espetáculo “Yerma Atemporal” ocupa o palco para reacender reflexões profundas sobre maternidade, desejo e os papéis impostos à mulher.
Inspirada na tragédia moderna do poeta espanhol Federico García Lorca, a montagem traz uma leitura ousada e contemporânea da obra, com tradução e adaptação da atriz e pesquisadora Simone Figueiredo. Enraizada na força da cultura popular nordestina, a peça transforma o sofrimento da protagonista, uma mulher consumida pelo desejo de ser mãe em metáfora viva das amarras sociais e afetivas impostas ao feminino.
Com direção de Simone Figueiredo e Paulo de Pontes, a encenação pulsa em cada detalhe: no corpo dos atores, na percussão visceral, nos cantos, silêncios e nos gestos carregados de ancestralidade.
Em cena, oito intérpretes dão vida a uma Yerma múltipla, dilacerada e intensa, que ecoa a dor de tantas outras mulheres invisibilizadas pelo tempo e pelas estruturas patriarcais.
A agenda já está marcada:
- Teatro Reinaldo de Oliveira - Sesc Garanhuns — 10 e 11 de junho, às 19h
- Teatro Rui Limeira Rosal - Sesc Caruaru — 24 e 25 de julho, às 19h
- Ingressos: R$ 10 (meia) | R$ 20 (inteira) — vendidos na bilheteria duas horas antes do início
- Cota gratuita para mulheres pretas, vítimas de violência, pessoas com deficiência, professores e estudantes da rede pública
Em ambas as cidades, o segundo dia de apresentação será ainda mais especial: além da presença de intérprete de Libras, o público poderá participar de uma roda de diálogo sobre “O Papel da Mulher na Sociedade Contemporânea”, reunindo convidadas para expandir o debate provocado em cena.
Uma experiência sensorial e política
“Yerma Atemporal” não é apenas uma peça. É um manifesto. É teatro, é música, é corpo. É som e silêncio dialogando com o sagrado e o terreno. A trilha sonora — executada ao vivo por Douglas Duan, Arnaldo do Monte e Paulinho Folha — embala a dor e a força da personagem, com direção musical de Duan e uma canção-tema inédita escrita por Newton Moreno.
A beleza estética da montagem também se revela na cenografia e direção de arte de Séphora Silva, na iluminação de Luciana Rapôso, nos figurinos de José Rosa, e no trabalho de movimento e coreografia assinado por Sandra Rino.
Fruto de uma pesquisa acadêmica desenvolvida ao longo de dois anos na UFPE, a adaptação nasce da monografia de Simone Figueiredo: “Yerma, de Federico García Lorca: o imaginário trágico da mulher na tradição espanhola”. O resultado é um espetáculo que faz do palco um território de questionamento, memória e reexistência.
Circulação Nordeste–Sudeste
Após as apresentações em Garanhuns e Caruaru, “Yerma Atemporal” segue em circulação por cidades do Nordeste e São Paulo, com incentivo da Lei Rouanet. A produção conta com apoio do Funcultura, Fundarpe e Secretaria de Cultura de Pernambuco, além do Sesc PE.
Serviço
Yerma Atemporal
Garanhuns: 10 e 11 de junho (terça e quarta), às 19h
Teatro Reinaldo de Oliveira - Centro Cultural Sesc Garanhuns (R. Cônego Benigno Lira, s/n - Heliópolis)
Caruaru: 24 e 25 de julho (quinta e sexta), às 19h
Teatro Rui Limeira Rosal - Sesc Caruaru (R. Rui Limeira Rosal, s/n - Petrópolis)
Ingressos
R$10 (meia) e R$20 (inteira), com venda na bilheteria do local duas horas antes do início de cada apresentação