Oficina de circo leva ancestralidade e práticas sustentáveis a estudantes em Paudalho

Ação pioneira, que será realizada dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, está programada para acontecer nos dias 5 e 6 de junho

Publicado em 27/05/2025 às 14:04
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Nos dias 5 e 6 de junho, em celebração à Semana do Meio Ambiente, a Escola Municipal Maria de Fátima, localizada no bairro rural de Chã de Cruz, em Paudalho, se transformará em um grande picadeiro ao ar livre.

Cercada por árvores centenárias e hortas comunitárias, a escola será o cenário da “Mostra Meio Ambiente no Picadeiro”, uma ação gratuita voltada à educação ambiental, sustentabilidade e arte circense, que deve reunir cerca de mil estudantes da rede pública de Paudalho, Camaragibe e Abreu e Lima.

A proposta integra atividades lúdicas e formativas, com oficinas, vivências e apresentações artísticas realizadas dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe — uma das principais áreas de conservação de uso sustentável de Pernambuco.

A mostra é idealizada pela produtora cultural e educadora Camila Gatis, tem direção pedagógica de Rodrigo Surucucu, produção da Cabocla Produção e incentivo do Programa Nacional Aldir Blanc Pernambuco.

Circo vira sala de aula

Esta será a primeira vez que estudantes do ensino fundamental dessas localidades terão a chance de vivenciar o aprendizado em um ambiente diferente: onde o circo vira sala de aula e a floresta, espaço de reflexão sobre futuro, território e pertencimento.

As oficinas incluem desde a produção de sabão ecológico com reaproveitamento de óleo até acrobacia em tecido e malabares com materiais recicláveis. Uma vivência agroecológica com cantigas de coco também integra a programação, promovendo o contato com saberes tradicionais.

A mostra ainda contará com espetáculos e rodas de conversa com acessibilidade em Libras, garantindo a inclusão de estudantes com deficiência auditiva.

Entre os destaques da programação está o espetáculo “O Encontro da Tempestade e a Guerra”, do Circo Experimental Negro. A apresentação será seguida de um bate-papo sobre estética negra, identidade cultural e ações antirracistas — abordando o papel da ancestralidade indígena e negra na construção de um futuro mais justo e sustentável.

No segundo dia de evento, a Mostra de Circo APA Viva traz ao palco grupos locais como a Cia. Penduricalho, a Família Malanarquista e o Palhaço Gambiarra, encerrando com o grupo Encanto D’Água em uma apresentação de coco de roda.

Um dos aspectos mais marcantes do projeto está na valorização dos artistas e educadores da própria região.

A curadoria buscou incluir profissionais que atuam nos municípios envolvidos, promovendo identificação entre os jovens e mostrando que a arte, o circo e o cuidado com o meio ambiente também podem ser caminhos profissionais.

“Queremos que os jovens se reconheçam nos corpos que estão no picadeiro, por exemplo: o Palhaço Gambiarra, nosso mestre de cerimônia que também apresentará um número na mostra, foi aluno da escola Tito Pereira (escola participante), a partir dessa identificação mostrar que esses espaços também pertencem a eles, e trazer novas perspectivas de futuro. O projeto é todo sobre isso, novas perspectivas de futuro, e como diz Krenak: o futuro é ancestral.”, afirma Camila Gatis.

A APA Aldeia-Beberibe, onde a ação será realizada, foi criada em 1987 e abrange cerca de 31 mil hectares distribuídos entre os municípios de Paudalho, Camaragibe, Abreu e Lima, São Lourenço da Mata, Igarassu e Recife.

A área é responsável por preservar fragmentos de Mata Atlântica e fontes de água essenciais, como os afluentes da barragem de Botafogo, que abastece parte da Região Metropolitana do Recife.

Apesar de sua importância ecológica, a APA enfrenta pressões constantes, como o avanço urbano e o desmatamento. Por isso, ações educativas como essa são vistas como fundamentais para formar jovens conscientes e atuantes na defesa do meio ambiente. 

Educar dentro da mata é uma forma de proteger a floresta com afeto, com conhecimento e com o corpo presente”, resume Surucucu.

Participam da mostra as escolas: Municipal Maria de Fátima, Estadual Tito Pereira, Estadual Torquato de Castro, Estadual Major Lélio e Estadual Antônio Fagundes.

A iniciativa também conta com o apoio do Fórum Socioambiental de Aldeia, do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis da UFRPE (LIAR/UFRPE), da Cia. Penduricalho e de diversos coletivos artísticos da região.

Programação

5/6 - quinta-feira

Manhã

8h - Abertura da exposição de répteis e anfíbios do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis Herpetofauna, da UFPE;

10h - Espetáculo: A tempestade e a Guerra

10h30 - Roda de diálogo Circo Experimental Negro (CEN);

Tarde

14h - Oficinas

  • Acrobacia de solo (CEN) 11+
  • Produção de sabão a partir do óleo de cozinha reutilizado e descarte adequado do lixo, que será ministrado pela Greengil Sustentabilidade


6/6- sexta-feira

Manhã

8h - Abertura da exposição de répteis e anfíbios do Laboratório Interdisciplinar de Anfíbios e Répteis Herpetofauna, da UFPE

10h - Abertura do cantinho da leitura, com equipe da LIAR, da UFPE;

10h - Oficinas

  • Iniciação ao tecido acrobático, com a Companhia Penduricalho 7+
  • Malabares com material reutilizado com a Família Malanarquista 12+
  • Contato com sistema agroflorestais a partir de cantigas de coco - grupo Encanto D'água 10+

Tarde

14h - Roda de conversa: Os desafios de morar em uma área de proteção ambiental, com participação de Camila Gatis e Rodrigo Surucucu

15h - Mostra APA Viva

  • Mestre de Cerimônia: Palhaço Gambiarra
  • Água de Cuida - Família Malanarquista
  • As aventuras do menino Traca-Traca e o cavalinho da imaginação
  • Mortal loucura - Companhia Penduricalho
  • Pocket Show de coco - Grupo Encanto D' Água

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