'O Agente Secreto' é celebrado em Cannes e apontado como obra mais complexa que 'Ainda Estou Aqui', diz The Guardian
A estreia mundial de O Agente Secreto, novo filme do diretor Kleber Mendonça Filho, foi marcada por uma ovação calorosa no Festival de Cannes

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A estreia mundial de O Agente Secreto, novo filme do diretor Kleber Mendonça Filho, foi marcada por uma ovação calorosa no Festival de Cannes, no último domingo (19).
Com mais de dez minutos de aplausos, o longa estrelado por Wagner Moura já desponta como um dos destaques do festival e vem sendo exaltado pela crítica internacional por sua profundidade temática e sofisticação estética.
Nesta terça-feira (20), o jornal britânico The Guardian publicou uma crítica assinada por Peter Bradshaw, elogiando o novo trabalho do cineasta pernambucano.
Segundo o crítico, o longa ambientado no Brasil da década de 1970 é “mais ambicioso, totalmente complexo e indescritível” se comparado ao aclamado Ainda Estou Aqui (2024), de Walter Salles — filme que rendeu ao Brasil seu primeiro Oscar de melhor filme internacional.
The Guardian
"O novo filme do diretor Kleber Mendonça Filho se passa na ditadura brasileira da década de 1970 e seu brilho visual e intriga sensual de uma cidade grande, com comédia de cachorro desgrenhado e caminhadas horríveis e mistério épico epicamente lânguido se combinam para criar algo especial. É sobre a maldade cotidiana da tirania política, de alto e baixo nível, e com seu assunto e perspectiva atual, poderia ser comparada ao “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles. No entanto, isso é mais ambicioso, totalmente complexo e indescritível. À medida que o filme progredia, eu me vi comparando-o a Sergio Leone [cineasta italiano], a “O Passageiro – Profissão: Repórter”, de Michelangelo Antonioni [cineasta italiano], em seu progresso lento para algum terrível desfecho violento, passado por Elmore Leonard [roteirista], Quentin Tarantino, [Fernando] Meirelles e “Cidade de Deus”, e “Roma”, de Alfonso Cuarón [cineasta mexicano].”
Ainda Estou Aqui
A comparação com o filme de Salles é significativa. Ainda Estou Aqui tornou-se um marco no cinema brasileiro recente ao vencer o Oscar em 2025 e colecionar mais de 30 prêmios internacionais.
Estrelado por Fernanda Torres, o longa levou mais de 5 milhões de pessoas às salas de cinema no Brasil, consolidando o reconhecimento internacional da produção nacional.
Torres, inclusive, venceu o Globo de Ouro de melhor atriz e foi indicada ao Oscar, perdendo para Mikey Madison por Anora.
Com uma estreia impactante e elogios que o colocam entre grandes referências do cinema mundial, O Agente Secreto parece trilhar um caminho promissor no circuito internacional.
A recepção calorosa em Cannes e a comparação com obras consagradas indicam que Kleber Mendonça Filho pode estar mais uma vez à frente de um divisor de águas para o cinema brasileiro.
Fonte: Papel Pop