Diretora Marianna Brennand é premiada em Cannes por estreia impactante com "Manas"
Cineasta recebeu o Women In Motion Emerging Talent Award pelo longa "Manas", que aborda a realidade de meninas na Ilha do Marajó

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A diretora brasileira Marianna Brennand foi reconhecida no último domingo (18) com o Women In Motion Emerging Talent Award 2025, concedido pelo grupo de luxo Kering durante o Festival de Cannes.
A premiação, que celebra talentos femininos promissores no cinema, foi entregue durante o tradicional jantar oficial do evento na Riviera Francesa.
Marianna é a primeira brasileira a receber o prêmio. Em seu discurso, ela destacou o caráter coletivo da conquista: “Ser a primeira brasileira a receber este prêmio é uma conquista que carrega força coletiva. Traz visibilidade não só pra mim, mas pra todas as mulheres incríveis que constroem o cinema ao meu lado: colegas, parceiras, amigas de jornada”, afirmou.
Indicada pela cineasta malaia Amanda Nell Eu, vencedora da edição anterior, Brennand teve seu trabalho destacado por valorizar a força das narrativas femininas e o legado entre gerações de cineastas.
Na mesma cerimônia, a atriz Nicole Kidman foi homenageada pelo conjunto da carreira, com ênfase em seu ativismo em prol da participação feminina na indústria cinematográfica. Brennand celebrou a ocasião:
“Receber esse prêmio ao lado de Nicole Kidman, que tem um compromisso público com a representatividade feminina e se propôs a trabalhar com uma diretora mulher por ano, torna tudo ainda mais simbólico. Esse reconhecimento fortalece meu compromisso com um cinema de impacto, e me enche de fôlego pra seguir criando com coragem, afeto e propósito.”
“Manas” (2025)
Marianna Brennand estreia na ficção com “Manas” (2025), longa protagonizado por Jamilli Correa, Dira Paes, Fátima Macedo, Rômulo Braga e atores da região amazônica.
O filme acompanha a trajetória de Marcielle, uma jovem de 13 anos que vive na Ilha do Marajó (PA) e começa a confrontar o ciclo de violências que envolve sua comunidade e sua própria família.
A inspiração para o projeto surgiu quando Brennand teve contato com relatos de exploração sexual de crianças nas balsas do Rio Tajapuru, na região amazônica.
No filme, a personagem central, Tielle, vê suas idealizações ruírem ao perceber os limites impostos às mulheres de sua comunidade. O drama familiar se transforma em uma denúncia sensível sobre abusos e silêncios enraizados.
“Manas” marca a estreia de Jamilli Correa no cinema e reforça o compromisso da diretora com histórias potentes contadas a partir de perspectivas femininas e territoriais.