Como criar uma barreira de plantas contra escorpiões e lacraias

Além de embelezar o jardim, algumas plantas ajudam a afastar escorpiões e lacraias de forma natural, segura e sem o uso de produtos químicos.

Publicado em 08/05/2025 às 22:18
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Em regiões de clima quente e úmido, a presença de escorpiões e lacraias dentro de casa é uma preocupação recorrente.

Esses animais peçonhentos, além de causarem sustos, podem provocar acidentes dolorosos — e, em alguns casos, até graves.

Uma solução complementar, de baixo impacto ambiental e acessível, é investir em uma barreira natural feita com plantas, conhecida como cerca viva.

Essa estratégia pode ajudar a proteger a casa ao mesmo tempo em que contribui com o paisagismo e o equilíbrio ecológico do entorno.

De acordo com o Diário do Litoral, a técnica baseia-se tanto em conhecimentos populares quanto em informações técnicas sobre o comportamento desses animais e a ação de certas espécies vegetais.

A ideia é simples: criar um cinturão verde ao redor da residência que atue como obstáculo físico e, em alguns casos, até como repelente natural.

Para entender como isso funciona, é importante conhecer os hábitos desses visitantes indesejados.

Escorpiões e lacraias são animais de hábitos noturnos que passam o dia escondidos em locais escuros e úmidos — como entulhos, frestas, ralos abertos ou sob objetos abandonados.

São predadores que se alimentam de insetos como baratas, grilos e aranhas, o que significa que a presença desses insetos dentro ou ao redor de casa acaba atraindo esses animais.

Além da busca por alimento, outros fatores que levam escorpiões e lacraias a se aproximarem de áreas residenciais incluem a procura por abrigo e mudanças bruscas no clima, como períodos de seca ou chuvas intensas, que os forçam a buscar refúgio em ambientes internos mais estáveis.

Nesse contexto, a cerca viva atua de duas formas: primeiro, como uma barreira física que dificulta a aproximação dos animais; segundo, por meio de plantas que exalam compostos voláteis com possível efeito repelente sobre os insetos que servem de alimento a escorpiões e lacraias, tornando o ambiente menos atrativo para eles de forma indireta.

Por que adotar uma barreira vegetal como aliada no controle de escorpiões e lacraias?

O combate a esses animais peçonhentos costuma recorrer ao uso de inseticidas químicos, mas esse caminho nem sempre é o mais eficiente — e pode trazer uma série de problemas.

Conforme alerta o Diário do Litoral, o uso indiscriminado de pesticidas acarreta riscos ambientais e de saúde pública: pode contaminar o solo e a água, eliminar organismos benéficos como polinizadores, e ainda representar uma ameaça à saúde de pessoas e animais domésticos.

Além disso, a eficácia dos produtos químicos costuma ser limitada. Escorpiões, por exemplo, se escondem em frestas profundas, o que dificulta o alcance das pulverizações.

Em muitos casos, os produtos utilizados têm efeito residual fraco ou acabam incentivando o surgimento de populações resistentes, devido ao uso contínuo.

Nesse cenário, a implementação de uma cerca viva se destaca como alternativa sustentável e funcional.

Além de reduzir a necessidade de compostos tóxicos, a barreira vegetal oferece outras vantagens: contribui para a biodiversidade ao atrair insetos benéficos e aves, valoriza o aspecto paisagístico do entorno e promove bem-estar ao criar um ambiente mais acolhedor e seguro.

Mas é importante destacar: a barreira de plantas não é uma solução única. Ela deve ser encarada como parte de uma estratégia mais ampla de prevenção, que inclui o controle ambiental (como a eliminação de entulhos e abrigo para insetos) e barreiras físicas eficazes.

Como implementar uma barreira vegetal eficaz

Para funcionar de verdade, a cerca viva precisa ser planejada com cuidado. Isso começa pela escolha das espécies vegetais, que devem ser posicionadas de forma estratégica ao redor da casa e receber manutenção constante.

Ao planejar uma barreira vegetal, é interessante optar por espécies que liberam aromas intensos e possuem propriedades naturais capazes de afastar insetos — principais presas de escorpiões e lacraias.

Ainda que o efeito dessas plantas possa variar de acordo com o ambiente e a espécie do animal, muitas delas são tradicionalmente utilizadas como repelentes naturais.

Entre as mais indicadas estão:

  • Citronela (Cymbopogon nardus, Cymbopogon winterianus): Amplamente conhecida por seu óleo essencial que afasta mosquitos e outros insetos.
  • Lavanda (Lavandula angustifolia): Seu aroma é agradável aos humanos, mas incômodo para muitos artrópodes.
  • Alecrim (Rosmarinus officinalis): Além de ser uma erva culinária, o odor forte contribui para repelir pragas.
  • Hortelã (Mentha spp.): O cheiro mentolado é outro ponto de incômodo para diversos insetos.
  • Arruda (Ruta graveolens): Tradicionalmente usada para afastar pragas, é conhecida pelo odor forte e persistente.
  • Manjericão (Ocimum basilicum): Algumas variedades concentram óleos essenciais com ação repelente.

Há também plantas que influenciam o ecossistema do solo ou funcionam como barreiras físicas:

  • Cravo-de-defunto ou Tagetes (Tagetes spp.): Suas raízes liberam compostos que afetam organismos do solo e insetos.
  • Crisântemos (Chrysanthemum spp.): Fontes naturais de piretrinas, substâncias com efeito inseticida, que ajudam a controlar a população de insetos nas imediações.

Apesar de úteis, essas plantas não garantem proteção absoluta. Sua eficácia depende de fatores como a espécie do animal, o tipo de solo, o clima e até mesmo a densidade do plantio.

Muitas vezes, o efeito ocorre de forma indireta, ao reduzir a oferta de alimento para escorpiões e lacraias.

Como planejar e implantar a barreira vegetal

Para que a cerca viva seja funcional, é preciso atenção ao planejamento e à manutenção. O Diário do Litoral destaca alguns cuidados essenciais:

  • Escolha do local: O ideal é plantar ao redor de todo o perímetro da residência, especialmente nas áreas mais vulneráveis, como portas, janelas, muros e frestas.
  • Densidade do plantio: As espécies devem ser dispostas de maneira que, ao crescerem, formem uma barreira contínua e compacta, dificultando a passagem de pequenos animais.
  • Solo e cuidados contínuos: É fundamental garantir que o solo tenha as condições adequadas para o desenvolvimento das plantas. Isso inclui adubação, irrigação e podas regulares, que ajudam a manter tanto a saúde das plantas quanto a eficácia da barreira.

A importância de medidas complementares

A barreira de plantas é uma ferramenta valiosa, mas seu potencial é maximizado quando combinada com outras ações de prevenção — como a vedação de frestas, a limpeza de entulhos no quintal e o controle da população de insetos dentro de casa.

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