Testosterona para mulheres: especialistas alertam para uso inadequado e riscos à saúde
Especialistas alertam sobre os riscos do uso inadequado de testosterona em mulheres, destacando efeitos adversos e falta de respaldo científico

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A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DCM –SBC), divulgam nota de alerta sobre os riscos e limitações quanto ao uso de testosterona em mulheres. Acesse a nota na íntegra aqui.
“Só há indicação médica respaldada por evidências para prescrição de testosterona em situações muito específicas, como o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo em mulheres na pós-menopausa e, mesmo assim, somente depois de avaliarmos e descartarmos outras causas para essa condição. Não existe indicação isenta de riscos para uso de testosterona com fins estéticos, aumento de massa muscular, emagrecimento ou rejuvenescimento. Toda mulher deve procurar um médico qualificado antes de iniciar qualquer terapia hormonal”, alerta a presidente da FEBRASGO, Dra. Maria Celeste Osorio Wender.
Quando a testosterona é realmente indicada?
De acordo com as diretrizes internacionais e nacionais, a testosterona só deve ser utilizada em mulheres após a menopausa para o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo e, obrigatoriamente, após uma avaliação completa para descartar outros fatores, como alterações hormonais (por exemplo, redução do estrogênio- que deve ser tratada antes), depressão, efeitos colaterais de medicamentos, problemas de relacionamento e questões emocionais.
As entidades que assinam a Nota esclarecem que NÃO existe recomendação para o uso de testosterona nas seguintes situações:
- Ganho de massa muscular;
- Emagrecimento;
- Rejuvenescimento;
- Melhora de disposição ou energia;
- Prevenção de doenças cardiovasculares;
Testosterona também NÃO deve ser usada para “regular hormônios” na menopausa.
Ainda, o uso de implantes subcutâneos manipulados de testosterona é desaconselhado, pois não têm aprovação da Anvisa, apresentam doses imprevisíveis e são associados a mais riscos de efeitos colaterais.
A dosagem de testosterona no sangue não é necessária na investigação de mulheres com queixa de baixa libido, exceto na suspeita de excesso do hormônio (casos como síndrome dos ovários policísticos ou tumores hormonais).
“Em tempos de pseudociência e divulgação de tantas notícias falsas, errôneas e com informações pela metade, a FEBRASGO reafirma o seu papel na divulgação e na consolidação da informação científica de qualidade”, comenta Dra. Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Diretora de Defesa e Valorização Profissional da FEBRASGO.
A NOTA apresenta ainda os principais riscos do uso inadequado de testosterona como excesso de pelos no rosto e corpo, acne, queda de cabelo, alterações no colesterol, problemas hepáticos, risco cardiovascular aumentado, voz mais grossa e características masculinas e dependência psicológica.
“Nosso compromisso é com a saúde da mulher. É preciso combater os mitos que circulam nas redes sociais e alertar sobre os reais riscos do uso indiscriminado de testosterona. Mais do que prometer resultados rápidos, nosso objetivo é garantir qualidade de vida, com segurança e rigor científico”, finaliza a presidente da FEBRASGO.
“O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.”