Por que os papas mudam de nome? Veja como a escolha é feita e quais são os mais comuns

Mudança de nome simboliza uma nova missão espiritual; tradição remonta ao século VI e inclui homenagens a santos e papas históricos

Publicado em 07/05/2025 às 13:39 | Atualizado em 07/05/2025 às 13:47
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Após a escolha do novo líder da Igreja Católica pelos 133 cardeais reunidos em conclave, caberá ao eleito decidir o nome pelo qual será conhecido mundialmente durante seu pontificado.

A adoção de um novo nome é uma tradição antiga na Igreja, com origens que remontam ao ano de 533. Na ocasião, o papa eleito, que se chamava Mercúrio, optou por não utilizar seu nome de batismo e passou a ser chamado de João II.

Seu antigo nome era associado a uma divindade pagã romana.

Desde então, a maioria dos papas tem seguido essa prática, que simboliza uma espécie de “segunda conversão” ou renascimento espiritual. Ao escolher um novo nome, o pontífice deixa para trás sua identidade anterior e assume plenamente sua nova missão como chefe da Igreja Católica.

O momento da escolha do novo nome

Após aceitar oficialmente sua eleição pelo conclave, o novo papa é abordado pelo cardeal decano (o membro mais antigo do Colégio Cardinalício) que lhe dirige a pergunta tradicional em latim: “Quo nomine vis vocari?”, ou seja, “Com que nome queres ser chamado?”.

É nesse momento solene que o pontífice recém-eleito revela o nome que adotará ao longo de seu papado, marcando simbolicamente o início de sua nova missão à frente da Igreja Católica.

Significados e homenagens

A escolha do nome papal é um ato carregado de simbolismo e raramente é feita de forma aleatória. O nome adotado pode prestar homenagem a papas anteriores, santos de grande devoção ou personalidades históricas de relevância para a Igreja.

Um exemplo disso é o papa João Paulo I, que optou por um nome duplo para homenagear seus predecessores imediatos, João XXIII e Paulo VI. Seu sucessor, João Paulo II, manteve essa tradição, reforçando a continuidade.

Além disso, o nome escolhido pode refletir a visão do novo papa sobre o pontificado que pretende exercer, bem como o legado que deseja deixar.

A decisão do papa Francisco, por exemplo, foi inédita e fez uma clara referência a São Francisco de Assis, destacando sua intenção de se dedicar aos pobres, à humildade e à busca pela paz.

Por que nunca existiu um Pedro II?

Uma curiosidade interessante é que, por respeito a São Pedro, considerado o primeiro papa e o "príncipe dos apóstolos", nunca houve um papa que adotasse o nome de Pedro II.

Essa tradição reflete a reverência e o respeito pela figura fundacional da Igreja Católica.

Nomes favoritos

Ao longo da história da Igreja, alguns nomes papais se destacaram pela frequência com que foram escolhidos:

  • João é o nome mais recorrente, adotado por mais de 20 pontífices ao longo dos séculos;
  • Gregório e Bento também figuram entre os preferidos, cada um utilizado por mais de 15 papas;
  • Outros nomes tradicionais e bastante usados incluem Pio, Leão, Clemente e Inocêncio, todos com forte presença na cronologia do papado.

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