Geração lança livro polêmico sobre "Favelismo"
Gê Coelho, formado em Filosofia, propõe uma nova visão sobre a favela, seus habitantes e suas potencialidades. Causando uma possível polêmica

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Prepare-se para conhecer uma ideia que está sacudindo as estruturas e prometendo um novo futuro para o Brasil!
O jovem e visionário Gê Coelho, um nome que você precisa gravar, lança o “favelismo”, um “ismo” inédito que clama pelo protagonismo das favelas e de seus moradores.
Longe de ser somente um conceito acadêmico, o favelismo é um movimento pulsante, enraizado na realidade de milhões de brasileiros e com potencial para impactar toda a sociedade.
Gê Coelho, com sua fala mansa e paixão contagiante, não somente teoriza, ele vive e age dentro dessa realidade.
Trabalhando na Favela Seguros, uma iniciativa da gigante MAG Seguros que apoia a publicação e divulgação de seu livro “Favelismo — a revolução que vem das favelas”, Gê personifica a força e a capacidade de transformação que emanam das comunidades.
Nascido e criado na favela, com uma trajetória de superação que o levou da educação tardia à universidade, com mestrado em Filosofia, Gê Coelho desafia o senso comum e propõe um novo olhar sobre esses territórios. Em sua obra, ele define o favelismo como:
“Uma teoria política que regulamenta a favela como um sujeito histórico, coletivo e ativo na produção de conhecimento, cultura e transformação social.”
Imagine só: cerca de 17 milhões de pessoas, movimentando mais de R$ 200 bilhões por ano! Nas favelas, em meio à luta diária por direitos básicos e à ausência (ou violência) do Estado, reside uma energia revolucionária que se manifesta em arte, produtos, serviços, ideias e, acredite, em uma futura força política própria.
O favelismo se ancora em valores como solidariedade, coletividade, respeito, amor, teimosia e pensamento crítico.
Uma nova perspectiva que não busca somente resolver problemas, mas sim utilizar a potência latente nas comunidades para construir um futuro mais justo e igualitário para todos.
A ambição é clara: sair da defensiva e ganhar as ruas, em busca de compreensão, apoio e sustentação para essa revolução que já começou.
Da favela à academia: Uma trajetória inspiradora
Em uma entrevista exclusiva com a escritora Cássia Janeiro, Gê Coelho compartilha sua trajetória, quebrando barreiras e desafiando o racismo estrutural que impede tantos jovens de favelas de alcançarem seus sonhos.
Sua história é um testemunho da inteligência e da capacidade que florescem nas comunidades, muitas vezes invisibilizadas pela sociedade.
Ao falar sobre sua experiência na universidade, Gê não romantiza o ambiente acadêmico, expondo como ele ainda se mostra excludente e hostil às vozes periféricas.
A exigência de proficiência em línguas estrangeiras, por exemplo, é apontada como um filtro classista e racial que impede o acesso de muitos talentos.
Mas Gê não se limita à crítica: ele propõe a democratização da universidade com políticas de permanência e a inclusão de formação linguística nos cursos de pós-graduação.
Seu plano é resistir e construir uma universidade plural, que valorize os saberes periféricos.
O favelismo em detalhes: Uma nova gramática para o Brasil
Para Gê Coelho, o favelismo é mais do que um conceito; é uma disputa de narrativa. É deslocar a favela do lugar de carência para o centro do poder epistêmico e político.
Inspirado na resistência quilombola, o favelismo enxerga a favela como um polo de inteligência social, capaz de redefinir a “gramática do mundo”.
E como esse conceito pode ser útil para toda a sociedade?
Gê explica que o favelismo não busca ser uma teoria universal, mas sim inspirar transformações a partir dos valores intrínsecos às favelas: solidariedade, autogoverno, ajuda mútua e afeto coletivo.
Se as favelas tivessem as mesmas oportunidades, as soluções que emergiriam seriam mais humanas, inovadoras e inclusivas.
O favelismo se apresenta, assim, como uma proposta ética e política para reorientar o Brasil.
A favela no poder: Participação política como caminho
A participação política é um pilar fundamental do favelismo.
Gê Coelho destaca iniciativas como o partido Frente Favela Brasil, a CUFA, a Frente Nacional Antirracista e a Favela Seguros como exemplos de protagonismo e organização que já estão em curso.
A presença de representantes das favelas em espaços antes impensáveis é um sinal de que o processo de transformação começou.
O próximo passo é ampliar essa presença e construir um novo horizonte político, repensando o mundo a partir da perspectiva de quem sempre esteve à margem.
Quem são os protagonistas? A voz que precisa ser ouvida
Para Gê Coelho, os protagonistas das favelas são, inquestionavelmente, os próprios favelados. Ele critica a insistência da sociedade em falar pelas favelas, em vez de ouvir as favelas.
As soluções para os problemas das comunidades precisam ser formuladas por quem vive essa realidade.
O favelismo clama para que os moradores das favelas sejam reconhecidos como sujeitos legítimos de conhecimento e de decisão.
Problemas estruturais com protagonismo favelado
Gê Coelho não ignora os problemas estruturais das favelas, como a ausência de direitos fundamentais e a atuação violenta do Estado.
No entanto, ele aponta a negação da favela como sujeito político como o maior obstáculo.
Inspirado no pensamento do intelectual quilombola Nego Bispo, Gê propõe a construção de aparatos institucionais próprios, financiados pelo Estado, como escolas favelistas, hospitais para a saúde favelada, canais de comunicação independentes e um Ministério da Favela.
Essa é a chave para os problemas serem enfrentados de dentro para fora, com protagonismo favelado.
Um estado construtivo: Uma “Pergunta de Bilhões”
A transformação de um Estado opressor em um agente construtivo é um desafio complexo. Gê Coelho reconhece que o Estado brasileiro tem uma história de dominação e negligência em relação às favelas.
A reinvenção do Estado exige a inserção radical dos sujeitos historicamente excluídos nos centros de decisão.
Segurança pública: Desmilitarização e controle social
Ao abordar a segurança pública, Gê Coelho é contundente: o Estado muitas vezes participa do crime nas favelas.
Qualquer modelo ideal de segurança precisa passar pela desmilitarização da polícia e pela ruptura com a lógica de guerra, priorizando uma atuação civil, comunitária e com forte controle social.
Conscientização e potência: O futuro do Brasil passa pela favela
Gê Coelho finaliza com uma mensagem de esperança e ação.
A sociedade brasileira começa a reconhecer o potencial das favelas, mas é preciso transformar esse reconhecimento em políticas estruturais.
O favelismo propõe uma nova visão: enxergar a favela como inteligência coletiva e eixo estruturante de um novo Brasil.
A conscientização desse potencial passa por disputar narrativas, transformar a favela em sujeito político e educar toda a sociedade.
Como bem disse Celso Athayde, uma das inspirações de Gê: “Ou dividimos as riquezas desse país, ou todos pagarão o preço da desigualdade”.
A mensagem é clara: a favela não é o problema, é a solução. É hora de ouvir, respeitar e colocar a favela no centro do debate nacional. O favelismo chegou para ficar e transformar o Brasil!