Festival Lula Côrtes celebra 50 anos do disco clássico ‘Paêbiru’
O álbum lançado em 1975 se tornou um clássico da música nacional e será homenageado por evento na próxima quarta-feira (7), no Teatro do Parque

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Lançado em 1975 pela gravadora Rozemblit, já extinta, o disco Paêbiru: Caminho da Montanha do Sol é um clássico considerado uma raridade entre colecionadores, após milhares de cópias terem se perdido por consequência de uma enchente que inundou o Recife. A obra, gravada pelo então desconhecido Zé Ramalho, estabeleceu uma aura mítica entre os amantes de música.
O Festival Lula Cortês, que acontece no Teatro do Parque nesta quarta-feira (7), celebra os 50 anos do disco, reconhecendo sua representatividade na cultura udigrudi e psicodélica de Pernambuco, termos que marcaram forte presença na cena artística dos anos 1970 no Brasil.
A seleção musical do festival reúne gerações distintas, com o grupo contemporâneo de Zé e Lula Ave Sangria, um marco na música psicodélica brasileira; e a Anjo Gabriel, banda com inspiração no krautrock alemão e no udigrudi.
Anjo Gabriel apresentará seu álbum completo. O espetáculo será gravado em uma fita analógico para lançamento em vinil. O vocalista e baixista Marco Da Lata explica que será uma reprodução na íntegra, mas não literal: “Quem quiser ouvir o original, escuta o LP. Chamamos amigos e amigas para somar na sonoridade, incluímos violino, bandolim, guitarras em novos arranjos e até bateria onde não havia. É a nossa leitura do Paêbiru, mantendo as melodias”.
O idealizador do festival, Nemo Côrtes, filho de Lula, fala sobre como o evento, realizado há dez anos, se consolidou como um espaço de encontro geracional, que une no palco veteranos e novatos e estimula trocas criativas. "Meu pai era, como brincamos, um grande articulador. Sua casa funcionava como encruzilhada de pessoas de diversas classes sociais e profissões", diz.
A cineasta e artista gráfica Kátia Mesel também estará presente, apresentando registros inéditos em super-8 com momentos fundamentais da produção de Paêbiru, desde suas gravações na Ilha de Itamaracá e na Pedra do Ingá até momentos no estúdio Abracadabra em Beberibe.
“Buscamos honrar o caráter multiartístico do meu pai, que transitou entre literatura, audiovisual, música e artes gráficas”, afirma Nemo. O evento é comandado por Roger de Renor, contando com participações do DJ Pré nos intervalos.