Na novela Vale Tudo, Odete Roitman mal chegou ao Brasil e já causou calafrios em seus colaboradores e familiares, tanto que a filha Heleninha, personagem de Paolla Oliveira, não resistiu à pressão e teve a primeira recaída no drama do alcoolismo.
Ícone das telenovelas brasileiras, a personagem interpretada por Débora Bloch, exemplifica com clareza como a comunicação pode ser usada para exercer influência e liderança.
Odete demonstra como as pausas estratégicas, a entonação adequada, a postura firme e a escolha consciente das palavras são recursos que, quando bem utilizados, impactam profundamente quem ouve.
É o que explica o especialista em comunicação estratégica Giovanni Begossi, conhecido como El Professor da Oratória.
"Uma pausa no momento certo cria expectativa e prende a atenção. Odete usa o silêncio como parte do discurso e isso em contextos profissionais, ajuda o líder a conduzir a conversa com muito mais força e clareza", comenta.
A variação do tom de voz também faz diferença. "Saber alternar entre firmeza e suavidade mantém quem escuta envolvido e transmite autoridade sem precisar elevar o volume", diz o especialista. Ajustar a entonação ao conteúdo e ao público, segundo ele, é um dos segredos da comunicação eficaz.
Begossi também chama a atenção para a linguagem corporal. "Odete sempre aparece com postura reta e tem os gestos controlados. Antes mesmo de falar, ela já transmite segurança. No mundo corporativo é igual, o corpo fala tanto quanto as palavras", afirma o bicampeão brasileiro de oratória.
A escolha das palavras completa o conjunto. “As vilãs não enrolam, elas vão direto ao ponto. Um líder precisa fazer o mesmo: comunicar-se de forma objetiva, clara e segura", orienta.
Segundo Begossi, que possui o maior perfil no Instagram de comunicação e oratória da América Latina, com 2M de seguidores, a comunicação das grandes vilãs de novelas é baseada na metodologia dos 3 C’s da Comunicação: clareza, que elimina a prolixidade, os vícios de linguagem e proporciona uma dicção atraente e irresistível, confiança, que tira o medo de falar em público, e o convencimento, sobre uma comunicação altamente persuasiva.
Trazendo para o mundo corporativo, juntos, esses três elementos formam uma liderança que inspira e direciona, mas sem autoritarismo.
Comunicar-se bem é uma habilidade que pode - e deve - ser treinada. "Liderar não é apenas ocupar um cargo, é saber construir narrativas que conectam e movimentam pessoas. As vilãs mostram que quem domina a comunicação molda percepções e deixa uma marca e isso no mundo dos negócios, significa liderar com estratégia e impacto", finaliza.