Trabalho x saúde mental: saiba como prevenir os transtornos
Psicóloga Michéli Meira alerta para sinais precoces do Burnout e destaca a importância da escuta ativa nas empresas. Confira mais detalhes

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O Brasil vive uma crise de saúde mental que está impactando diretamente na vida de trabalhadores e de empresas. Foi o que revelaram os dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social sobre afastamentos do trabalho. Em 2024, foram quase meio milhão de afastamentos, o maior número em pelo menos dez anos.
Transtornos como ansiedade, síndrome do pânico, depressão e síndrome de Burnout são diagnósticos cada vez mais comuns e podem ser agravados no ambiente corporativo. A síndrome de Burnout, é uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso e tem se tornado cada vez mais frequente no ambiente corporativo brasileiro.
Segundo especialistas, a pressão constante por resultados, as longas jornadas de trabalho e a presença de lideranças mal preparadas são fatores que têm contribuído para o adoecimento de profissionais de diversas áreas.
A psicóloga Michéli Meira, especialista em desenvolvimento humano e fundadora da Pontis Consultoria, explica que o Burnout vai além do estresse comum do dia a dia. “Trata-se de um esgotamento profundo e recorrente, que não se resolve com férias ou descanso. É um colapso físico e emocional, muitas vezes silencioso, que afeta diretamente a produtividade e a qualidade de vida”, alerta.
Entre os principais sintomas da síndrome estão: cansaço extremo, insônia, dores físicas, irritabilidade, tristeza, ansiedade, apatia e isolamento. A desmotivação para atividades antes prazerosas e comportamentos cínicos ou distantes também são indicativos preocupantes.
Michéli ressalta que culturas organizacionais excessivamente focadas em metas e cobranças são grandes aceleradoras do Burnout. “Quando o foco está apenas na performance, sem espaço para acolhimento e equilíbrio, o risco de adoecimento aumenta”, afirma.
Por outro lado, ela ressalta que ambientes saudáveis, que promovem o diálogo, a colaboração, a gestão humanizada e o reconhecimento das conquistas, são essenciais para prevenir o esgotamento.
O diagnóstico de Burnout é clínico e deve ser realizado por psicólogos ou psiquiatras, que possuem o conhecimento necessário para orientar o tratamento adequado. Esse tratamento pode incluir psicoterapia, práticas de autocuidado, exercícios físicos, técnicas de mindfulness e, em alguns casos, medicação. Em situações mais graves, o afastamento do trabalho pode ser necessário para uma recuperação adequada.
No entanto, a prevenção é o caminho mais eficaz. “É essencial investir em programas de bem-estar, oferecer suporte psicológico, garantir pausas e, principalmente, promover uma cultura de escuta ativa dentro das empresas”, enfatiza Michéli.
Para a psicóloga, a escuta ativa é uma ferramenta poderosa de cuidado. “É preciso ouvir com empatia e atenção, sem julgamentos. Isso cria um ambiente seguro, onde as pessoas se sentem confortáveis para falar e buscar ajuda”, destaca.
Apesar de ser uma condição séria, o Burnout ainda é cercado por preconceitos. “Muita gente encara como fraqueza ou falta de vontade, mas é uma doença que precisa ser tratada com respeito e responsabilidade”, alerta Michéli.
Com a atualização da NR-1 — norma que trata da saúde e segurança no trabalho — prevista para os próximos meses, as empresas devem estar atentas. “Mais do que cumprir a lei, é preciso assumir um compromisso real com o bem-estar das pessoas”, afirma.
Sobre Michéli Meira
Psicóloga com mais de 16 anos de experiência em RH e desenvolvimento humano, Michéli é fundadora da Pontis Consultoria. Atua com foco em cultura organizacional, liderança e saúde emocional nas empresas.
“O conteúdo deste site é destinado a fins informativos e educacionais, e não se destina a fornecer aconselhamento médico, dermatológico, nutricional ou de qualquer outra natureza. As informações aqui apresentadas não devem ser utilizadas para diagnosticar ou tratar qualquer problema de saúde. Recomendamos que você consulte um profissional de saúde qualificado para obter um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.”