É quase impossível saber exatamente o que acontecerá nas paredes da Capela Sistina, já que os cardeais ficam isolados do mundo e seguem protocolos rígidos de sigilo.
Entretanto, uma sequência de coincidências entre o processo da escolha do próximo papa e o filme Conclave, que ganhou muita audiência após a morte de Francisco.
Nas redes sociais, os internautas, inclusive, chegaram a brincar que o longa de Edward Berger é o primeiro documentário feito antes do desenrolar dos fatos.
3 coincidências entre a arte e a vida real
1. Cardeal banido pelo papa
Tendo que se afastar de suas funções pelo papa em 2020 devido a escândalos de corrupção, o cardeal Angelo Becciu deseja participar do próximo conclave.
Essa situação gerou comparações com o cardeal Tremblay (John Lithgow), do filme, que também foi deposto antes da morte do papa, mas participou da eleição.
Diferente de Tremblay, Becciu, de 76 anos, não está na lista oficial de cardeais com menos de 80 anos aptos a votar, pois teve seus direitos revogados após manobras financeiras que provocaram um rombo de 139 milhões de euros nas finanças da Santa Sé.
Ele foi condenado em 2023 por peculato e abuso de poder, mas alega inocência e diz que o papa Francisco não demonstrou “vontade explícita” de excluí-lo do conclave.
Outra semelhança entre Becciu e Tremblay é que, segundo o jornal local Domani, Francisco teria escrito duas cartas expressando a intenção de excluir Becciu do conclave e mencionado isso ao cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Igreja.
No filme, o papa morto revela a “demissão” de Tremblay e deixa documentos sobre seus escândalos.
A participação de Becciu no conclave ainda é incerta. Em declaração nesta segunda-feira, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, informou que os cardeais estão discutindo a validade da participação de Becciu. Uma decisão sobre o caso deve ser tomada em breve.
2. Possível papa negro ou filipino
Líder da Igreja por 12 anos, o papa Francisco remodelou o corpo eleitoral do Vaticano ao nomear 108 dos 136 cardeais atualmente elegíveis para a votação.
Primeiro papa nascido fora da Europa, ele aumentou a diversidade geográfica do grupo, tornando o próximo conclave mais global do que nunca.
Alguns estudiosos do Vaticano sugerem que, assim como no filme, o novo papa pode vir de regiões até então marginalizadas, como Ásia ou África. Entre os cardeais africanos em potencial estão:
— Peter Turkson (Gana), ex-chefe do Pontifício Conselho Justiça e Paz
— Fridolin Ambongo Besungu (República Democrática do Congo), arcebispo de Kinshasa
— Robert Sarah, Prefeito Emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos
Todos eles são considerados conservadores e tradicionalistas.
Outro nome cogitado é o do filipino Luis Antonio Tagle, frequentemente comparado ao cardeal Benitez (Carlos Diehz) do filme, conhecido por seu discurso progressista e acolhedor.
No filme, Benitez é mexicano, mas no livro que o inspirou, escrito por Robert Harris em 2016, o personagem é filipino.
3. Divisão da igreja
Devido à natureza secreta da política papal, os grupos que se formarão após a morte de Francisco são incertos. No entanto, é provável surgirem divisões semelhantes às do filme.
As discussões sobre os principais candidatos papais atualmente incluem:
— Cardeais progressistas, que continuariam o legado de Francisco
— Figuras moderadas, que buscariam apaziguar a turbulência das recentes reformas progressistas
— Conservadores, alinhados a tradições antigas, incluindo a missa em latim.