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Alimento, remédio ou doença: os fungos estão em mais lugares do que você imagina

Bióloga do CEUB classifica algumas espécies e revela como o ser humano convive com esses organismos no dia a dia. Saiba mais detalhes

Cadastrado por

Catêrine Costa

Publicado em 28/04/2025 às 20:59
Fungos - Reprodução/ Freepik

Apesar de geralmente serem lembrados como causadores de doenças, os fungos são peças-chave no equilíbrio ecológico do planeta. Eles estão no ar, no solo, nos nossos alimentos, na raiz das árvores e, até mesmo, no interior do corpo humano desempenhando funções que vão da decomposição de matéria orgânica à produção de medicamentos e alimentos fermentados.

Andrea Libano, coordenadora do curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário de Brasília (CEUB), comenta a biodiversidade desse grupo, que é ainda pouco conhecida.

De acordo com a bióloga, a principal função ecológica dos fungos é a decomposição. Eles atuam sobre matéria orgânica em decomposição, como folhas, galhos e animais mortos, liberando nutrientes de volta ao solo e mantendo o ciclo da vida. “Sem esse processo, os elementos químicos ficariam presos nos corpos e não haveria nutrientes disponíveis para as plantas, os produtores primários”, explica Andrea.

Libano revela que existem de 1 a 5 milhões de espécies de fungos no mundo, mas apenas 150 mil foram catalogadas. Ela explica que muitos fungos vivem associados às raízes das plantas, numa relação de troca, ajudando na absorção de água e nutrientes e, em contrapartida, recebem compostos resultantes da fotossíntese. “Esse tipo de simbiose contribui para a saúde vegetal, o que impacta diretamente na agricultura, na produção de alimentos e na qualidade dos ecossistemas.”

Outro papel pouco conhecido dos fungos, de acordo com a docente do CEUB é a proteção natural das plantas: “Alguns fungos produzem substâncias que funcionam como defensivos biológicos, inibindo o desenvolvimento de pragas e diminuindo a necessidade do uso de agrotóxicos. Essa capacidade tem sido cada vez mais estudada em contextos de agricultura sustentável”.

Do pão ao antibiótico

No cotidiano humano, destaque para a presença dos fungos na alimentação: eles estão por trás do crescimento do pão, da produção do vinho, da cerveja e até da kombucha, bebida fermentada considerada probiótica. “Também é crescente o consumo de cogumelos comestíveis, como champignon, shimeji e shiitake. São alimentos ricos em proteína, vitaminas e minerais.

Para além do sabor e da nutrição, projetos em diferentes partes do mundo já apostam no cultivo desses fungos como alternativa alimentar em regiões com insegurança nutricional.”

No âmbito dos medicamentos, foi a partir de um fungo que nasceu a penicilina, o primeiro antibiótico da história. “Desde então, a medicina explora o potencial dos fungos para o desenvolvimento de novos fármacos”. Apesar dos benefícios, nem todos os fungos são inofensivos. Alguns são patógenos e podem provocar doenças em plantas e humanos, como micoses de pele, candidíase e sinusites, além formas mais graves, como a meningite fúngica.

“A histoplasmose, por exemplo, é uma infecção respiratória que pode surgir pela inalação de esporos de fungos das fezes de aves e morcegos. O risco aumenta entre pessoas imunossuprimidas.”

A especialista do CEUB garante que não há motivo para pânico. Em geral, os fungos convivem de forma harmônica com o corpo humano e o ambiente, colaborando com a constante evolução da ciência. “O essencial é cuidar da saúde e fortalecer o sistema imunológico.

A pesquisa científica e o uso sustentável dos fungos ainda têm muito a oferecer para a medicina, a alimentação e o meio ambiente”, finaliza Andrea Libano.

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