Porque o papa é chamado de Francisco?
O mundo se despediu de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, que faleceu às 2h35 (horário de Brasília), dessa segunda (21), após 38 dias internado

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Na manhã dessa segunda-feira (21), o mundo se despediu de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, que faleceu às 2h35 (horário de Brasília), após 38 dias internado devido a uma pneumonia bilateral. Tinha 88 anos e uma história marcada não apenas por ser o primeiro papa latino-americano, mas por ter redefinido os rumos da Igreja Católica com um olhar humilde e profundamente humano.
Nascido em Buenos Aires, Bergoglio tornou-se o 266º papa da Igreja em março de 2013, assumindo o trono de Pedro com uma missão que logo se revelaria diferente: aproximar o Vaticano dos mais pobres, simplificar os ritos e viver como pastor, não como soberano.
Escolha do nome
A escolha de seu nome — Francisco — foi reveladora. Não foi fruto do acaso, nem de uma simples devoção. Foi um gesto carregado de simbolismo, inspirado por um sussurro de um velho amigo brasileiro: o cardeal Cláudio Hummes.
“Quando os votos chegaram aos dois terços e os aplausos começaram, ele me abraçou, me beijou e disse: ‘Não se esqueça dos pobres’”, contou Francisco, poucos dias após sua eleição, em um encontro com mais de 6 mil jornalistas no Vaticano. “Naquele momento, lembrei de São Francisco de Assis.”
São Francisco, o santo dos despojados, tornou-se espelho e guia do novo pontífice. “Quero uma Igreja pobre, e para os pobres”, declarou, anunciando não apenas um nome, mas um projeto de vida e de fé.
E assim viveu. Enquanto os palácios vaticanos preservavam seus luxos seculares, Francisco optou pela simplicidade da Casa Santa Marta. Recusou tronos, manteve vestes modestas e aboliu formalidades sempre que possível.
Sua liderança foi marcada por gestos concretos: condenou o clericalismo, denunciou o acúmulo de riqueza, abriu debates sobre temas delicados como a proteção ao meio ambiente, a inclusão de pessoas marginalizadas e a acolhida aos migrantes.
Em um de seus discursos mais tocantes, em 2020, ele disse: “E vocês, bispos e sacerdotes, peço zelo apostólico. Pobreza, nenhum luxo. Pobreza com o povo pobre de vocês, que está sofrendo. Deem o exemplo de humildade. Ajudem o povo a se levantar e serem protagonistas de um novo renascimento.”
12 anos de papado
Foram 12 anos de papado — intensos, desafiadores e transformadores. Jorge Bergoglio partiu, mas Francisco permanecerá. Não apenas nos livros de história, mas no olhar daqueles que encontraram, em sua voz serena e firme, um eco de esperança. O papa dos pobres deixa um legado de coragem, compaixão e mudança.