Funeral do Papa Francisco: saiba todos os detalhes e mudanças
Em 2024, o Papa decidiu reformular as cerimônias que marcarão sua despedida, trazendo um novo significado à forma como um pontífice é velado

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Com a sensibilidade de quem sempre optou pela simplicidade, até mesmo as cerimônias de despedida do Papa Francisco foram moldadas sob seu olhar reformador. Em vida, ele já havia aprovado mudanças profundas nos ritos fúnebres papais — e, quando chegar sua hora, essas mudanças refletirão o estilo de pontificado que marcou o mundo: mais humano, mais próximo, menos solene.
Em abril de 2024, Francisco assinou um novo conjunto de normas que alteram significativamente as tradicionais exéquias papais.
Publicado no Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, o novo rito mantém a essência do luto de nove dias (Novendiales), mas com adaptações que eliminam excessos e tornam os gestos mais significativos.
1ª Etapa: A Morte e o Silêncio
O ritual começa onde o Papa viveu: a Casa Santa Marta, no Vaticano, residência que ele escolheu desde o início do seu papado, recusando os aposentos suntuosos do Palácio Apostólico. Ali, o falecimento é constatado oficialmente pelo cardeal camerlengo, Kevin Farrell, e o corpo do Papa é preparado por uma família tradicional de embalsamadores italianos, os Signoracci, que há décadas cuidam desse momento com discrição e respeito.
Vestido com os paramentos litúrgicos, o corpo é velado na capela de Santa Marta. O caixão – agora feito de madeira e zinco – é fechado logo após o preparo, abolindo a prática anterior dos três caixões sobrepostos, que chegavam a pesar meia tonelada. A cerimônia inicial conta com orações e uma celebração da palavra conduzida pelo próprio camerlengo, que assume a liderança espiritual e administrativa durante o período de Sé Vacante.
2ª Etapa: A Caminhada até São Pedro
O corpo segue em procissão até a Basílica de São Pedro. Com o caixão já fechado, mas ainda acessível aos fiéis até a véspera do funeral, o cortejo é acompanhado por salmos, cantos gregorianos e a Ladainha de Todos os Santos. O caixão é então colocado diante do altar ou em outro local digno dentro da Basílica, onde permanece exposto para visitação.
Nada de plataformas elevadas ou bastões papais ornamentais: os elementos simbólicos foram dispensados, reforçando a mensagem de humildade. Um véu de seda branca cobre o rosto de Francisco, e um pequeno tubo com a ata oficial de sua vida — o rogito, redigido em latim — é colocado junto ao corpo, ao lado das medalhas de seu pontificado.
Após dias de despedida pública e cerimônias litúrgicas, chega o momento da grande missa de exéquias, celebrada ao ar livre na Praça de São Pedro. Preside o cardeal decano, Giovanni Battista Re, ou, em sua ausência, o vice-decano, Leonardo Sandri. A multidão esperada ultrapassa 300 mil pessoas. Chefes de Estado, líderes religiosos, delegações do mundo inteiro — todos juntos para o adeus final.
O evangelho, aberto sobre o caixão, simboliza a mensagem deixada por Francisco. E então, começa a última súplica: primeiro da Igreja de Roma, depois das Igrejas orientais, encerrando o ritual de encomendação com emoção e solenidade.
3ª Etapa: O Descanso Final
Diferente de tantos outros pontífices enterrados nas criptas do Vaticano, o Papa Francisco escolheu repousar em outro lugar: a Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. Não por acaso — essa foi sua igreja favorita, onde orava antes e depois de cada missão internacional.
Ao fim da missa, o caixão é levado em nova procissão até a basílica mariana. Lá, o rito de sepultamento é simples e direto. Sem transferências, sem múltiplos caixões, sem cerimônias excessivas. Apenas orações, um canto da “Salve Regina” em latim e a despedida definitiva.
Seu túmulo será público, como seu coração sempre foi. A última morada de um Papa que preferiu a humildade ao esplendor, e que reformou até mesmo o próprio adeus.