Mídia digital X mídia impressa: por que algumas revistas femininas estão voltando às bancas?

Cansados do digital, leitores redescobrem o prazer das revistas impressas, agora valorizadas como itens sensoriais e de colecionador.

Publicado em 17/04/2025 às 8:49
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Tendo de se adaptar à evolução do mundo virtual, as revistas se adaptaram às telas. Porém, em meio aos excessos do ambiente digital, os hábitos antigos estão retornando com força.

Após a queda da mídia impressa na última década, grandes revistas femininas como Elle, Glamour e Capricho regressam às ruas. Algumas, com capricho editorial tamanho que se tornaram edições de colecionadores.

Segundo uma pesquisa feita em 2023 pela DataReportal, plataforma que analisa insights de comportamento online, o Brasil entrou no segundo lugar do país com mais pessoas em frente a uma tela. São cerca de 56,6% das horas acordadas em frente a telas, ou seja, cerca de nove horas do dia.

A pandemia foi um dos pontos de partida para a dependência do mundo virtual, devido ao isolamento. Segundo o senador Eduardo Girão, no período entre 2020 e 2022, houve um aumento de 31% do tempo médio que os brasileiros passam nas redes.

O resultado disso gera uma fadiga digital que se caracteriza por uma dependência das telas. Ou seja, o que era para ser prazeroso, se torna um peso.

A sacada do marketing e das novas tendências são de minimizar as telas, e voltar alguns prazeres antigos. Desde trocar celulares, pela estética das câmeras digitais, até retomar a leitura de revistas físicas.

Ter uma revista impressa tornou-se atualmente uma experiência sensorial. Tanto pela estética, como pela nostalgia do hábito. O valor das revistas tem um valor colecionável, transmitindo uma sensação para quem lê.

Publisher e chefe editorial da revista, Susana Barbosa, explica que mesmo com o retorno da revista impressa, a estratégia mudou completamente.

Por isso, escolheram os meses de março, maio, setembro e dezembro para o lançamento das edições, considerados meses fortes. “Criamos um produto para ser guardado, e não jogado fora. Brinco que não é uma ‘revista de banheiro’, é ‘de sala’”, diz ela.

Em termos de marketing, a volta dessa tendência tem a ver com o ressignificar do uso para os dias atuais. Segundo Sarah Borges, diretora de marketing da Vivere Press, a conexão com as pessoas vende mais do que qualquer anúncio.

“Atualmente, a fuga das pessoas está na realidade, e usar as ferramentas impressas e físicas aproximam o ser humano. O marketing deve comunicar diretamente com o sentimento das pessoas, e, ao mesmo tempo, passar a sua mensagem. A experiência sensorial também faz parte da estratégia e vende mais do que um anúncio qualquer. Por isso, faz muito sentido usar esse sentimento de fadiga e inconstância do digital, e oferecer algo mais sólido, perpétuo e leve para as pessoas”, afirma ela.

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