Celular sem capinha: tendência ousada ou risco desnecessário?
Os celulares estão mais resistentes, mas será que isso aposenta as capinhas? Um jornalista passou 30 dias sem proteção e conta o que aconteceu.

Clique aqui e escute a matéria
Com os avanços na durabilidade dos smartphones, as tradicionais capas de proteção estão sendo questionadas.
Embora as empresas de tecnologia não se importem muito em vender essas capinhas, não se incomodam quando o consumidor decide comprar.
De acordo com a Gazeta de São Paulo, O jornalista Thomas Germain, da BBC, decidiu investigar o assunto e passou um mês usando seu celular sem proteção, ciente de que o jornal não assumiria responsabilidade por eventuais danos. Confira o resultado dessa experiência.
Um movimento contra as capinhas
Hoje, alguns usuários defendem o uso dos celulares sem capas, argumentando que o design moderno dos aparelhos é prejudicado pela proteção extra. Além disso, o manuseio também seria mais confortável sem a capa.
Um amigo de Germain, entusiasta dessa ideia, afirmou: “Agora os celulares são mais resistentes. Eu deixo o meu cair o tempo todo e está tudo certo.” De fato, smartphones modernos são muito mais robustos que os modelos antigos, mas a maioria das pessoas ainda opta pelas capinhas.
Exibir o celular sem proteção se tornou também um símbolo de status, um jeito de mostrar a beleza do dispositivo. “Parece insano ter um celular de luxo de US$ 1.000 [R$ 5.870] e protegê-lo com uma capinha de plástico de US$ 30 [R$ 176]”, argumenta Yousef Ali, executivo da Blast Radio. “É como colocar capa de vinil no sofá”, completa.
Vidro mais resistente
Vários smartphones, como os da Samsung, Xiaomi, Google e Motorola, vêm com Gorilla Glass, um vidro fabricado pela Corning.
O processo de fabricação envolve a imersão do vidro em um banho de sal fundido a 400°C, substituindo íons menores por íons maiores, o que torna o vidro mais resistente a impactos.
Lori Hamilton, da Corning, afirma que os smartphones de hoje são muito mais duráveis que os de uma década atrás. “O desempenho evoluiu muito, e a resistência aumentou”, destaca.
Teste de resistência
O mais recente produto da Corning, o Gorilla Armor 2, presente no Galaxy S25 Ultra, resistiu a quedas de até 2,2 metros em testes de laboratório.
Os números confirmam essa melhoria: de acordo com a seguradora americana Allstate, 78 milhões de norte-americanos relataram danos aos seus celulares em 2024, enquanto esse número foi 11% maior em 2020.
Mesmo com essa resistência aprimorada, Hamilton adverte que os aparelhos não são indestrutíveis. "Sempre haverá situações em que um impacto pode causar danos", diz ela.
Consumer Reports
A revista Consumer Reports, que realiza testes de durabilidade há quase 90 anos, também notou essa evolução.
Em seus testes de queda, eles jogam os celulares contra painéis de concreto. "Antigamente, um terço dos aparelhos falhava. Hoje, os resultados são muito melhores", diz Rich Fisco, responsável pelos testes.
Embora os smartphones tenham melhorado muito, Fisco ainda questiona: “Você se arriscaria?” Ele mesmo admite que ainda usa capa no seu celular, com humor, dizendo: “Sou pão-duro”.
Vale a pena arriscar em um celular sem capinha?
Durante o experimento, o celular de Germain sofreu apenas uma queda significativa, no 26º dia. Ao sair apressado de casa, o aparelho escorregou e caiu três degraus até parar no último. O dano foi um pequeno corte na lateral do iPhone.
A conclusão do jornalista resume o dilema: é possível viver sem capa, mas isso exige sangue frio e, talvez, uma boa dose de sorte.