Docente da UPE é a primeira mulher a coordenar o Instituto de Inovação Tecnológica
A engenheira e professora Márcia Macedo assume o cargo não apenas como gestora, mas como símbolo de uma nova era para a ciência e a tecnologia

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A Universidade de Pernambuco vive um momento marcante: pela primeira vez, o Instituto de Inovação Tecnológica (IIT-UPE) será comandado por uma mulher. A engenheira e professora Márcia Macedo, da Escola Politécnica de Pernambuco (POLI-UPE), assume o cargo não apenas como gestora, mas como símbolo de uma nova era para a ciência e a tecnologia no estado.
Em um ambiente tradicionalmente dominado por homens, especialmente nas áreas de engenharia e inovação, Márcia rompe paradigmas e ocupa um espaço que por décadas permaneceu inacessível para tantas outras mulheres. Mais do que uma conquista pessoal, sua chegada ao topo representa o avanço de toda uma geração que busca igualdade, representatividade e transformação.
Sua nomeação coincide com a criação da Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico da UPE — também sob sua liderança — uma estrutura pensada para aproximar o universo acadêmico das demandas reais da sociedade. O objetivo? Tornar a tecnologia algo vivo e presente, não só nas salas de aula ou centros urbanos, mas em cada canto de Pernambuco.
“Queremos irradiar inovação para além da capital. A universidade precisa dialogar com a realidade do interior, com a juventude das escolas públicas, com os territórios esquecidos. A inovação que não alcança todos é apenas privilégio disfarçado”, afirma a nova coordenadora.
Ela não chega sozinha. Traz consigo a proposta de integrar os mais de dez ambientes de inovação da UPE em um ecossistema articulado, capaz de gerar soluções com impacto direto na vida das pessoas. Do arquipélago de Fernando de Noronha ao sertão profundo, a missão é levar tecnologia onde hoje ainda há carência de acesso, infraestrutura e oportunidades.
Com um estilo de liderança firme, mas acolhedor, Márcia reforça que é possível gerir com empatia e leveza. “Levo meu caderninho rosa para as reuniões, sim. E minhas plantinhas. Porque fazer ciência também pode ter afeto. Liderar com escuta não é fraqueza — é potência. As mulheres trazem esse outro olhar, mais humano, mais atento”, diz.
Trajetória acadêmica
Sua trajetória acadêmica é extensa: doutora em Engenharia Civil, com foco em Transportes e Gestão de Infraestruturas Urbanas, mestre em Geociências e especialista em Geoinformação. Coordena laboratórios importantes na POLI-UPE e representa a universidade em debates estratégicos sobre mobilidade urbana e mudanças climáticas no estado.
Homenagem
Ao assumir o IIT-UPE, Márcia também homenageia quem veio antes dela, mencionando colegas como Alexandre Maciel, Bruno Carvalho e Luiz Arthur — nomes que, segundo ela, foram fundamentais para que essa transição ocorresse de forma respeitosa e colaborativa.
Entre as prioridades da sua gestão, está o compromisso com a inclusão. Uma das ações mais ousadas será aproximar o Instituto de adolescentes das redes públicas de ensino, especialmente estudantes do 8º e 9º anos. “É nesses jovens que mora o futuro da ciência. E muitos deles só precisam de uma chance — ou de alguém que acredite primeiro”, afirma.
No comando do Instituto de Inovação Tecnológica, Márcia Macedo não apenas ocupa uma cadeira: ela abre portas. Para outras mulheres. Para os que vêm do interior. Para a juventude periférica. E para um modelo de universidade mais democrática, plural e conectada com os desafios reais do século XXI.