Cinema São Luiz abre celebrações do Abril Indígena neste fim de semana
A programação vai somar esforços levando para a telona o debate público e político sobre a história de luta e de resistência dos povos originários

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Neste fim de semana, o Cinema São Luiz, no Recife, abre oficialmente as comemorações do Abril Indígena com uma programação especial voltada ao cinema indígena e à valorização da diversidade cultural dos povos originários.
As sessões vão reunir filmes que promovem o debate público e político sobre a história de resistência indígena no Brasil, levando essas narrativas para a telona de um dos cinemas mais icônicos da cidade.
Ao longo de todo o mês de abril, o público poderá conferir uma curadoria que inclui obras dirigidas por cineastas indígenas, filmes em colaboração com comunidades tradicionais e produções que abordam momentos históricos relevantes para a reflexão sobre identidade, território e ancestralidade.
Abril Indígena no cinema: arte como ferramenta de demarcação
Segundo o programador do Cinema São Luiz, Pedro Severien, a mostra é um convite para pensar o cinema além das estruturas eurocêntricas que historicamente moldaram a linguagem audiovisual.
“A ideia é romper com o olhar colonial que dominou o audiovisual por tanto tempo. Os povos originários têm suas próprias cosmologias e formas de narrar o mundo, e o cinema tem sido uma ferramenta poderosa de expressão dessas subjetividades”, comenta.
Severien destaca ainda a fala do líder indígena Ailton Krenak, que propõe a ideia de “demarcação das telas” – ou seja, a ocupação do audiovisual como espaço político, de pensamento e de imaginação.
Destaques da programação
Sábado (05/04)
- 16h | A Flecha e a Farda
Documentário, 2020, 100 min – Classificação: 12 anos
Direção: Miguel Antunes Ramos
O filme resgata registros da década de 1970, durante a ditadura militar, quando indígenas foram treinados como força policial. A produção revisita esses arquivos para refletir sobre o impacto da repressão nos territórios indígenas.
- 18h | Rama Pankararu
Ficção, 2023, 95 min – Classificação: 12 anos
Direção: Pedro Sodré
Coautoria da artista e ativista indígena Bia Pankararu, a obra narra a trajetória de uma jovem agente de saúde que luta para reconstruir a escola de sua aldeia, destruída por um incêndio criminoso em 2018.
Domingo (06/04)
- 11h | Sessão Infantil – Curtas-metragens indígenas (Classificação Livre)
- Entrada gratuita
Uma seleção de curtas do premiado projeto Vídeo nas Aldeias, voltado à formação de cineastas indígenas.
Os filmes abordam o cotidiano, os saberes ancestrais e o universo lúdico das infâncias indígenas, com destaque para:
- Das crianças Ikpeng para o mundo (2001)
- Depois do ovo, a guerra (2014)
- A história do monstro Khatpy (2008)
- Akukusiã, o dono da caça (1998)
- Mbya Mirim – Palermo e Neneco (2008)
- No tempo do verão (2012)
15h | Rama Pankararu
17h | A Flecha e a Farda
Ingressos e informações
- Valor único: R$ 5 (meia-entrada para todos)
- Local: Cinema São Luiz, Rua da Aurora, Recife-PE
O Abril Indígena no Cinema São Luiz representa mais do que uma homenagem: é um gesto de reconhecimento da potência do cinema como ferramenta de resistência e memória.
Ao exibir filmes que revelam as múltiplas vozes e realidades dos povos originários, o cinema reafirma seu papel como espaço de formação crítica e cultural.