Escritora recifense Madu Sansil lança "às vezes esqueço como respirar"

O lançamento representa não apenas a materialização de um percurso poético de 12 anos, mas também um reencontro da autora com a escrita.

Publicado em 31/03/2025 às 12:39
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Madu Sansil lança "às vezes esqueço como respirar", uma jornada poética entre o eu, o outro e a cidade

A escritora recifense Madu Sansil estreia na literatura com o livro "às vezes esqueço como respirar" (88 págs.), publicado pela editora Mondru.

A obra reúne poemas escritos entre 2012 e 2024, traçando uma jornada introspectiva que explora três eixos centrais: o "eu", o "outro" e a "cidade".

O lançamento representa não apenas a materialização de um percurso poético de 12 anos, mas também um reencontro da autora com a escrita.

Entre o íntimo e o urbano

A poesia de Madu Sansil transita entre o confessional e o existencial, mesclando sentimentos de amor, desencanto, autodepreciação e busca por identidade.

O Recife, sua cidade natal, se transforma em personagem, refletindo tanto as emoções da autora quanto sua relação afetiva com o espaço urbano.

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor”, cita Madu, inspirando-se em Frida Kahlo para justificar a centralidade do "eu" em sua escrita. Sobre o “outro”, brinca: “Em uma escala subjetiva que eu mesma inventei, entre Florbela e João Cabral, eu com toda certeza estou à esquerda”.

O processo de criação do livro foi longo e intuitivo. A autora começou a escrever poesia aos 14 anos, influenciada pela literatura e pela música.

Durante um período, publicou seus textos na página "Maria, espia só" no Facebook, que fez sucesso entre leitores da plataforma.

Entretanto, retirou seus trabalhos da internet e só agora, após anos de amadurecimento, decidiu compartilhar sua obra em formato físico.

Uma poesia sem amarras

Diferente de narrativas convencionais, "às vezes esqueço como respirar" não segue uma estrutura linear ou temática rígida.

A ausência de divisões em capítulos permite que os poemas dialoguem livremente entre si.

“Não há uma mensagem única ou moral em destaque, como poderia haver em um romance. Ele existe e fala sobre a existência em suas múltiplas nuances”, explica Madu.

Sobre a autora

Nascida Maria Eduarda dos Santos Silva, em 5 de agosto de 1997, no Recife, Madu Sansil é licenciada em Letras - Português pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e mestranda em Linguística pela mesma instituição.

Durante a graduação, realizou intercâmbio acadêmico na Universidade do Porto, em Portugal.

Além de poeta, é professora de Língua Portuguesa na rede pública estadual de Pernambuco e multiartista, com atuações nas artes plásticas e na educação.

"às vezes esqueço como respirar" marca seu retorno à poesia após um hiato criativo.

"Este livro é, para mim, tanto um recomeço quanto um ato de liberdade", reflete a autora. "É olhar para a Maria Eduarda dos últimos doze anos e permitir que a poeta exista novamente para o mundo.”

Trecho do poema "Ode assimétrica ao Recife"

Recife,

minha poesia atemporal

cidade que declama

a cada passo dado à frente

fora do lugar


Recife,

o teu povo clama:

resista!

ao concreto

ao cimento

ao cinza

à falsa ideia de desenvolvimento

que tentam te vender


Recife,

insista!

contra o monstro urbano

que engoliu a mata

o manguezal

que te levou do sagrado ao profano

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