The Electric State podia ter mais imaginação (e eletricidade)
Nova aventura de ficçã-científica estrelada por Millie Bobby Brown entretém, mas fica devendo em originalidade, energia e conexão emocional.

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Os humanos, sua relação com as máquinas e sua própria humanidade voltam a ser tema de filmes com "The Electric State", nova produção estrelada por Millie Bobby Brown (Stranger Things) e Chris Pratt (Guardiões da Galáxia).
Dirigido pelos irmãos Joe e Anthony Russo ("Vingadores: Ultimato"), o filme de aventura e ficção-científica foi lançado na plataforma nesta sexta-feira (14) e traz bons visuais aliados a história e temas batidos sobre divisão, união e o poder das conexões entre pessoas e robôs.
"The Electric State" vale a pena?
Baseada na aclamada graphic novel de Simon Stålenhag, a produção imagina uma versão alternativa dos anos 1990, quando uma guerra entre humanos e máquinas afeta o mundo inteiro.
Após sucessivas derrotas, os humanos vencem a guerra com a ajuda de uma coorporação e uma invenção que une a mente humana ao poder robótico. Os robôs, que buscavam liberdade após serem criados para servir, são segregados em uma zona fechada nos EUA.
É nesse mundo em que Michelle, protagonista vivita por Millie Bobby Brown, decide seguir um robô em direção à zona proibida habitada pelos seres mecânicos em busca de seu irmão, dado como morto.
O cuidado e o investimento no universo construído pela produção saltam aos olhos, mostrando que o altíssimo orçamento - US$ 320 milhões, segundo a imprensa - foi bem empregado nesse ponto. A mescla de elementos datados e futurístimos é consistente, ainda que seja feita sem muita personalidade.
É nesse aspecto, inclusive, que o filme se perde: sua abordagem, trama, e até algumas piadas parecem algo já visto antes. A rebelião dos robôs e sua motivação parece um transplante mais colorido e leve da história de "Matrix".
A ideia parece ser chegar perto em um tom semelhante a obras de Steve Spielberg, mas a direção e a montagem falham em acionar a melancolia de "A.I. - Inteligência Artificial" ou olhar maravilhado e infantil de "E.T. - O Extraterrestre", tornando-se algo um tanto frio e com impacto reduzido.
O filme ainda tenta passar um discurso sobre tolerância às diferenças (mais uma vez, nada de novo) e da importância de viver relações reais ao invés de prazeres virtuais, mas sem tanto a oferecer. A relação entre Michelle e seu irmão chega a cativar em determinados momentos, em especial, em um dos momentos finais do filme.
E mesmo com um elenco estelar, com o vencedor do Oscar como Ke Huy Quan, e o indicado ao Emmy Giancarlo Esposito, ninguém compromete mas ninguém se destaca. Stanley Tucci, em especial, parece desconfortável em um papel de vilão totalmente clichê.
O filme não causa uma indiferença completa, mas sua falta de comprometimento emocional e com a originalidade diminui a conexão do expectador, e dá uma impressão que nenhum filme feito para streaming quer (ou deveria) passar: de ser "só mais um filme" no meio do catálogo.
"The Electric State" não chega a ser uma perda de tempo para o fim de semana, mas fica devendo mais energia.