Descolonização da Estética: A importância da Autovalorização para Mulheres Negras
Especialista em pele preta, Jéssica Magalhães discute a importância da valorização dos traços naturais para o fortalecimento da autoestima feminina.

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Falar sobre estética vai além da aparência física: envolve autoestima, representatividade e diversidade.
No mês de março, em que se celebra o Dia Internacional da Mulher, as discussões sobre os impactos dos padrões de beleza impostos pela sociedade ganham ainda mais relevância.
Historicamente, os padrões de beleza predominantes excluem traços étnicos e valorizam perspectivas eurocêntricas.
Isso gera um cenário de estigmatização que impacta diretamente a autoestima das mulheres negras. Para mudar essa realidade, a biomédica esteta Jéssica Magalhães, especialista no cuidado com a pele preta há mais de uma década, propõe uma nova abordagem na estética: a descolonização da beleza.
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Valorização da ancestralidade na estética
Segundo Jéssica, sua prática clínica se baseia na valorização da ancestralidade e no respeito à naturalidade dos traços.
“A estética deve resgatar a potência da beleza negra sem a padronização imposta por conceitos eurocêntricos. Meu trabalho é baseado no conhecimento profundo da estrutura do corpo negro, promovendo autoestima e reconhecimento”, afirma a especialista.
O estudo da Universidade de San Diego, intitulado "Beholding the Beauty of Self", reforça essa ideia, apontando que a valorização da aparência fortalece a identidade e a sensação de pertencimento, especialmente para mulheres negras.
O impacto dos padrões de beleza eurocêntricos
A descolonização da estética não se trata apenas de um conceito técnico, mas de uma transformação cultural e psicológica. Por séculos, a mídia reforçou um padrão de beleza excludente, resultando em uma autoimagem distorcida para mulheres negras.
A pesquisa TODXS/10, realizada pela ONU Mulheres e pela Aliança #SemEstereótipos, revela que a presença negra na publicidade brasileira ainda é limitada. Isso contribui para a busca incessante por procedimentos estéticos invasivos na tentativa de alcançar um ideal de beleza inalcançável, impactando a saúde mental e física dessas mulheres.
Reconstruindo a beleza negra
Para Jéssica, é essencial redefinir o conceito de beleza sob uma perspectiva afrocentrada. “Precisamos reescrever o que é belo a partir da nossa ancestralidade, e não segundo padrões externos. Essa mudança envolve não apenas a estética, mas um resgate cultural e emocional”, explica.
Com o crescimento de movimentos de valorização da identidade negra, a descolonização da estética surge como uma ferramenta poderosa para transformar a relação das mulheres negras com a própria beleza, promovendo mais inclusão e diversidade na sociedade.