"Família": suspense italiano premiado chega aos cinemas brasileiros

Com uma mistura de melodrama, thriller psicológico e horror, a produção de Francesco Costaible ganhou quatro prêmios no último Festival de Veneza

Publicado em 03/02/2025 às 19:40
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O filme "Família", dirigido por Francesco Costabile, estreia no Brasil em 6 de fevereiro, por meio de uma distribuição da Imovision.

A produção italiana é um melodrama sombrio que mistura linguagens de diferentes gêneros cinematográficos, como thrillers psicológicos, terror e críticas sociais, para explorar a violência patriarcal e suas consequências em uma família disfuncional.

"Família" é inspirado no livro de memórias "Non sarà sempre così" (Nem sempre será assim, em tradução livre), de Luigi Celeste, e estreou no Festival de Veneza de 2024, onde foi amplamente reconhecido e conquistou quatro prêmios, entre eles, o Prêmio Orizzonti de Melhor Ator para Francesco Gheghi, protagonista do longa.

Além disso, o filme recebeu duas menções especiais, incluindo o prêmio de Melhor Filme da Federazione Italiana dei Cineclub (FEDIC).

O objetivo da produção é explorar as consequências do abuso de um pai manipulador e violento com os filhos e a luta da mãe para protegê-los. Franco é descrito como "o modelo absoluto, o homem mais perigoso", não apenas pela violência física, mas também pela capacidade de seduzir e manipular.

Nesse contexto, Fulvio, líder do grupo fascista que um dos filhos (Gigi) integra, funciona como uma figura paterna substituta. Já Alessandro, o outro herdeiro, representa uma masculinidade que não depende de padrões, servindo de contraponto às influências negativas do pai e irmão.

Segundo Costabile, o filme se baseia em uma história real e em pesquisas conduzidas em centros de apoio a vítimas de violência. "Queria transformar essa realidade em uma visão cinematográfica, unificando diferentes gêneros e linguagens para alcançar um impacto emocional forte".

Ainda, o enredo segue uma tradicional estrutura cíclica, reforçando a ideia de aprisionamento emocional. "Tudo se repete, como um déjà vu, mas de forma diferente. Isso cria uma sensação de estar preso, como se os personagens estivessem em uma jaula".

Sobre a violência retratada no filme, a escolha foi apresentá-la com sutileza, muitas vezes deixando-a fora de cena. "A violência é mais poderosa quando está fora da tela. É como uma memória reprimida que volta para assombrar", afirma Costabile.

Durante a repercussão do longa, a abordagem foi comparada à do cineasta Michael Haneke, conhecido pelos sucessos "A Professora de Piano" e "A Fita Branca".

"O filme é sobre a violência patriarcal e como ela gera outras formas de violência. É um sistema cultural que perpetua o abuso, tanto físico quanto psicológico, e é preciso quebrá-lo oferecendo suporte institucional e educação", diz.

Com performances poderosas e uma direção que equilibra realismo e simbolismo, "Família" se estabelece como uma reflexão profunda sobre as consequências da violência patriarcal e a luta para romper com ciclos opressivos.

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