Origem e tradições do Natal: Como a data é celebrada no mundo e suas raízes históricas

Historiadora do CEUB explica sobre a evolução da simbologia do período festivo e os diferentes modos de celebração ao redor do planeta.

Publicado em 04/12/2024 às 12:26 | Atualizado em 04/12/2024 às 12:31
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O Natal, celebrado mundialmente no dia 25 de dezembro, é um dos momentos mais aguardados do ano. Com suas luzes, enfeites e a troca de presentes, a data evoca uma atmosfera de fraternidade e união.

Mas qual é a origem dessa festividade que atravessa fronteiras culturais e religiosas? Scarlett Dantas, historiadora e professora do Centro Universitário de Brasília (CEUB), nos guia pela evolução dessa tradição, desvendando suas raízes históricas e como ela foi moldada ao longo dos séculos.

A Evolução do Natal: De Oração a Celebração

No início da Idade Média, o Natal não era associado a festas e confraternizações, mas a um momento de reflexão e oração. No século XIII, São Francisco de Assis foi um dos pioneiros ao montar a primeira representação do nascimento de Cristo, com uma peça de teatro que envolvia pessoas reais vestidas com trajes da época.

Por volta de 1223, as figuras humanas foram substituídas por estátuas e esculturas, organizadas de maneira cuidadosa dentro do presépio, onde personagens bíblicos como os pastores e os Reis Magos assistiam ao nascimento de Jesus.

No final da Idade Média, essa tradição se expandiu, incorporando danças, comidas típicas, brincadeiras e jogos que se estendiam por toda a temporada, do dia 24 de dezembro ao 6 de janeiro.

A Escolha de 25 de Dezembro

A escolha de 25 de dezembro como data para celebrar o nascimento de Cristo ocorreu no século IV, quando a Igreja de Roma decidiu estabelecer essa data para alinhar o cristianismo com as tradições pagãs da época.

Essa decisão facilitou a aceitação do cristianismo entre os povos pagãos, que já comemoravam o solstício de inverno.

Além disso, a Igreja incorporou símbolos cristãos como os Três Reis Magos, a Virgem Maria e São Nicolau, criando a base para a festa como conhecemos hoje. A data rapidamente se espalhou e se consolidou como o Natal cristão.

O Natal em Janeiro

Apesar de 25 de dezembro ser amplamente reconhecido como o dia de Natal, algumas tradições cristãs celebram o evento em janeiro. Em países do Oriente, onde a diferença entre o calendário gregoriano e o vitoriano é significativa, o Natal é comemorado nos dias 6 e 7 de janeiro, com ênfase na "Epifania", que celebra a revelação de Cristo ao mundo.

Em culturas com tradições religiosas diferentes, como os países islâmicos, judaicos e budistas, o Natal não tem o mesmo significado e não é amplamente celebrado, embora algumas celebrações possam ocorrer em áreas com forte influência cristã.

Decoração Natalina e Suas Raízes

A tradição de decorar árvores de Natal tem origens nos povos germânicos, que já adoravam árvores antes do cristianismo. Foi durante a Reforma Protestante que essa prática se popularizou, especialmente na região da atual Alemanha. A primeira referência documentada de uma árvore de Natal é de 1521, na Alsácia.

A árvore de Natal se espalhou gradualmente pelo mundo. Curiosamente, a primeira árvore de Natal montada no Vaticano aconteceu em 1982, quando o papa João Paulo II, de origem polonesa, introduziu a tradição no espaço religioso. Desde o século XIX, é comum adornar o topo da árvore com uma estrela, representando Belém, ou com um anjo, simbolizando o anjo Gabriel.

A Influência dos Símbolos Pagãos

O Natal também está fortemente ligado às festividades pagãs. Os romanos, por exemplo, celebravam o solstício de inverno com a festa "Natalis Solis Invicti", que homenageava o deus Mitra, associado ao renascimento do sol. Durante a "Saturnália", uma festa romana dedicada ao deus Saturno, era comum a inversão de papéis sociais, troca de presentes, decoração com ramos e velas, e muita comida e bebida.

Essas práticas pagãs foram gradualmente absorvidas pelas celebrações cristãs do Natal, formando o que conhecemos hoje: uma data repleta de simbolismos religiosos e culturais. As tradições, como a troca de presentes, a decoração das casas e os banquetes festivos, se uniram à história do nascimento de Cristo, criando uma das celebrações mais aguardadas e celebradas ao redor do mundo.

O Natal, como conhecemos hoje, é o resultado de uma longa evolução, marcada por transformações culturais, influências pagãs e a construção de uma simbologia religiosa e festiva que atravessou os séculos. Embora as comemorações variem ao redor do mundo, o espírito de fraternidade e união continua a ser o centro dessa festividade global.

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