Serpentário: por que ainda não usamos o 13º signo? Entenda polêmica

Por maior que seja a discussão, existe um motivo pelo qual astrólogos não consideram o Serpentário, suposto 13º signo, dentro do cinturão do zodíaco

Publicado em 17/08/2024 às 9:00

Indo contra algumas crenças, a astrologia não surgiu nos anos 2000, quando adolescentes usavam o signo solar e o ascendente para categorizar as personalidades dos amigos ou conhecidos.

Também não é um conceito que surgiu na época em que usar Tumblr estava na moda e, se você não soubesse qual era o signo correspondente ao seu nascimento, você não era legal ou interessante o suficiente. A história da astrologia vem bem antes disso!

Na verdade, os primeiros passos do conhecimento sobre os astros foram dados em 3 mil anos a.C., com a crença de que os astros seriam responsáveis por reger a vida dos indivíduos e civilizações, baseados nos movimentos ao redor da Terra, que, naquela época, acreditavam ser o centro do universo.

Apesar do geocentrismo já ter sido refutado, a definição da astrologia, que é considerada uma pseudociência, permanece até hoje: basicamente, somos regidos pelos astros e suas posições.

A astrologia ocidental é uma das mais popularizadas no mundo, possuindo o zodíaco dividido em um círculo com 12 signos, representados por constelações e regidos por um astro.

Recentemente, porém, surgiu a ideia de que um suposto 13º signo entraria em vigor no tão conhecido calendário astrológico. O Serpentário seria referido ao período de 29 de novembro a 17 de dezembro, já correspondente ao signo Sagitário.

Mas como o Serpentário começou a ser especulado como o mais novo signo do zodíaco? Segundo a astróloga Regina Vieira, especialista em Astrologia Psicológica, foi observado o aparecimento de uma constelação bem próxima às correspondentes aos signos.

"Com o estabelecimento de novos critérios na Astronomia para determinação da posição real das constelações no céu, modificando a perspectiva de observação das constelações, verificou-se o aparecimento da Constelação de Ophiuchus (Ofiuco) entre a constelação de Escorpião e Sagitário", explica.

Essa descoberta deu a entender que o Serpentário, simbolizado por Ofiuco, seria acrescentado aos já signos conhecidos. Porém, para entender por que essa constelação ainda não foi atribuída ao ciclo zodiacal existente, é preciso saber como as divisões dos signos são estabelecidas.

Reprodução/iStock
Imagem ilustrativa de constelações - Reprodução/iStock

Divisão dos signos astrológicos

A astróloga destaca que, na astrologia ocidental, o zodíaco usa o movimento aparente do Sol ao longo da eclíptica, linha invisível por onde o Sol se desloca, para determinar as posições dos astros, baseando-se nas estações do ano.

O ciclo zodiacal começa com a órbita do Sol cruzando o equador celeste, denominado de Equinócio, marcando o início do signo de Áries, no dia 20 ou 21 de março. A cada 30 graus do movimento solar, inicia-se um novo signo, seguindo a ordem zodiacal.

Dessa forma, cria-se uma ideia de que, devido ao fato dos signos serem atrelados às constelações, os dois têm o mesmo significado, o que não é o caso. Bruna Albuquerque, astróloga tradicional, expõe as diferenças entre os conceitos.

"Constelações são grupos ou conjuntos de estrelas específicas que se ligam por meio de linhas imaginárias e que estão em uma determinada região do céu. Signos são divisões simbólicas e ideais do céu visível originadas a partir das estações do ano", exemplifica.

A astróloga ainda destaca que as constelações estão como um plano de fundo da faixa zodiacal, e ressalta que os significados simbólicos importantes para a astrologia não provêm das constelações.

Por que não existe a possibilidade de incluir o 13º signo no zodíaco?

Então, voltamos à pergunta: por que o Serpentário não foi oficialmente incluído dentro do cinturão do zodíaco?

Para a astróloga Regina Vieira, "a existência das 13 constelações na faixa zodiacal não implicará na existência de 13 signos, uma vez que a astrologia utiliza tradicionalmente o sistema fixo de 12 signos, baseado nos ciclos sazonais".

Diante disso, a introdução do Serpentário no zodíaco levantaria questões sobre a necessidade e o impacto da mudança de um sistema tão bem conhecido. A tentativa de integrar o 13º signo poderia gerar inconsistências na maneira como os signos são interpretados e calculados, gerando um desafio na ordem estabelecida e suas previsões.

"Se essa inclusão do Serpentário fosse oficialmente adotada, causaria uma desestruturação na relação simbólica estabelecida há milênios pela astrologia. Desestruturando, assim, a base comparativa das informações, do ponto de vista científico, sem gerar nenhum ganho significativo, em termos analíticos, para o arcabouço das interpretações dos signos zodiacais já existentes", explica a especialista.

Para Bruna Albuquerque, "essa inclusão é uma hipótese que não faz sentido para o sistema astrológico tropical. Para o sistema zodiacal astrológico tropical, isso não tem a menor importância e é oportuno esclarecer que essa e outras constelações próximas ao cinturão zodiacal já são conhecidas pelos astrólogos há mais de 2 mil anos", conclui Bruna.

Portanto, as astrólogas destacam que é preciso manter a coesão e a tradição desses princípios, baseados nos aspectos arquetípicos primordiais, já atribuídos a cada um dos 12 signos.

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