O envelhecimento precoce da Geração Z: por que os jovens estão parecendo mais velhos?

Ansiedade, estresse e procedimentos estéticos em excesso são alguns dos fatores que contribuem para jovens na casa dos 20 anos aparentarem mais de 30

Publicado em 03/08/2024 às 9:30 | Atualizado em 05/08/2024 às 20:08

Quando somos mais novos, ouvir um “nossa, achei que você era mais velho(a)!” é como ouvir um comentário elogioso; aliás, qual jovem no ápice da adolescência não quer ser visto como um alguém que exala maturidade e coleciona muitas experiências de vida?

Porém, com o avançar da idade e a real chegada do amadurecimento, parecer mais jovem é a verdadeira meta de elogio, e transparecer plenitude e vivacidade através da aparência com o passar do tempo é realmente um desafio a ser conquistado.

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E para uma determinada geração, esse feito está sendo reverso: estão parecendo mais velhos do que realmente são, mesmo ainda em uma idade jovem.

A geração em questão é a Z, que são as pessoas nascidas aproximadamente entre 1997 e 2012, ou seja, jovens perto da casa dos 30 e adolescentes a partir dos 14 anos. Mas como e por que esse fenômeno está acontecendo? Veja nesta matéria!

Comportamento dos Zoomers

A Geração Z cresceu paralelamente com a ascensão da internet como principal meio de comunicação, então ela é composta por pessoas antenadas e 100% ligadas ao mundo digital, para além dos computadores, DVDs e videogames, e especialmente, celular.

O uso do telefone móvel como ferramenta essencial de existência não é uma característica exclusiva de uma geração, mas pode-se dizer que os Zoomers possuem uma usabilidade mais desenvolvida e prática do celular, pelo fato de que o avanço tecnológico dos aparelhos eletrônicos aconteceram simultaneamente com amadurecimento cronológico da maior parte dessa geração.

Logo, a relação entre ambos é mais entrelaçada e conectada, em comparação às gerações anteriores e até mesmo à posterior, a Alpha.

Claro que desse relacionamento, consumado através de anos e, para alguns, até pela vida inteira, nascem costumes e problemáticas que dificilmente serão alterados, ou seja, uma cultura é desenvolvida.

A hiperconectividade proporcionada pelas redes sociais e dispositivos móveis expõe os jovens da Geração Z a uma constante enxurrada de informações e estímulos.

A necessidade de estar sempre conectado, de compartilhar cada momento de suas vidas e de se comparar com os outros cria uma pressão psicológica significativa.

Nesse contexto, a busca pela aprovação dos pares e a construção de uma imagem perfeita nas redes sociais podem gerar ansiedade e baixa autoestima.

Os Zoomers fazem parte de uma cultura onde o imediatismo e o estresse são peças-chave na rotina, como explica Natália Magalhães, psicóloga formada pela Universidade de Brasília (UnB):

Culturalmente, a Geração Z se cobra muito mais, e exige muito mais de si, quase que como se houvesse uma necessidade de performar o ‘ideal’. Isso gera uma autocobrança, uma performance. E querem conquistar tudo de maneira muito imediata, sem se dar chances de errar, isso acaba gerando uma frustração iminente”.

Celular, internet e redes sociais

Uma pesquisa internacional, promovida pela empresa de tecnologia Proxyrack, revelou que os brasileiros passam em média 9 horas por dia no celular, ocupando o 2º lugar do ranking, ficando atrás apenas da África do Sul.

A pesquisa, apesar de não ter levado em consideração a faixa etária, mostra o panorama de uma sociedade hiperconectada, e que de qualquer forma, o jovem médio está participando.

Esse cidadão brasileiro cresceu em um mundo onde a internet, os celulares e as redes sociais são elementos intrínsecos do cotidiano, moldando suas formas de comunicação, interação social e construção de identidade.

O ritmo que os eletrônicos e as redes sociais trazem para nós não é um ritmo natural: não é ritmo que nosso corpo se regula. Isso também se torna uma questão social. Então, vai acabar gerando um condicionamento neurológico a longo prazo, como estresse, vício e comprometimento”, elucida a psicóloga.

As redes sociais funcionam como verdadeiras vitrines, onde os usuários apresentam uma versão idealizada de si mesmos.

Fotos editadas, filtros e aplicativos de edição de imagem permitem a criação de imagens perfeitas, que pouco ou nada têm a ver com a realidade. Magalhães explica essa manifestação como um exibicionismo:

O exibicionismo é muito problemático para a nossa auto imagem, porque você está o tempo todo se olhando; abrindo a câmera do celular, seu Instagram, e aí se olha com filtro {...} Isso de estar sempre em contato com sua imagem, é uma coisa meio narcísica, não narcisista, não no sentido de se apaixonar pela sua própria imagem, mas por estar o tempo inteiro cultuando essa imagem, o que é muito problemático também. Então, são pontos soltos que quando vamos unindo, vamos entendendo porque a Geração está tendendo a envelhecer mais rápido”.

Foto: Reprodução/Instagram
Kylie Jenner, conhecida como uma das pioneiras da "selfie". - Foto: Reprodução/Instagram

Além dos efeitos mentais, que acabam virando físicos de alguma maneira, o uso dos eletrônicos também afeta de forma direta no envelhecimento.

A Dra. Laura Barros Alves, formada em odontologia pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Harmonização Orofacial (HOF), esclarece este processo. A luz azul emitida pelas telas de celulares, tablets e computadores pode ter um impacto na pele, especialmente com a exposição prolongada.

No caso, esta luz específica penetra profundamente na pele. A penetração pode gerar radicais livres, que são moléculas instáveis que danificam as células da pele.

Esse processo é conhecido como estresse oxidativo e está associado ao envelhecimento precoce.

Estresse, ansiedade e cultura do imediatismo

A cultura do imediatismo, alimentada pelas redes sociais e pelas plataformas de streaming, influencia profundamente a forma como a Geração Z se relaciona com o mundo. A busca por gratificação instantânea e a dificuldade de lidar com frustrações podem gerar impaciência e uma sensação de que o tempo está passando rápido demais. A sensação de que o futuro é incerto e que as oportunidades são cada vez mais escassas pode gerar um sentimento de angústia e apreensão.

E claro, esses sentimentos andam de mãos dadas com a ansiedade e o estresse. A Vittude, uma healthtech referência no desenvolvimento de programas de saúde mental para empresas, realizou uma pesquisa que mostra que os Zoomers são a geração mais estressada, deprimida e ansiosa atualmente.

Foto: Reprodução/Instagram
Modelo Bella Hadid em foto publicada no Instagram abordando sobre a sua depressão e ansiedade. - Foto: Reprodução/Instagram

E apesar de estarem atrelados diretamente à saúde mental, eles também influenciam retilineamente a saúde fisiológica.

O estresse é uma questão de saúde global. Quando eu estou estressado, não é só o meu pensar, o meu agir, o meu humor que ficam afetados. É o meu sono, meu apetite, meu coração, e a saúde dos meus demais órgãos”, argumenta Natália Magalhães, que continua: “Não costumamos ter esse tipo de olhar porque achamos que o que é do âmbito emocional fica isolado no emocional, e o que é do âmbito físico fica isolado no físico. Mas temos que começar a ter esse cuidado e entender que ambas esferas interagem entre elas”.

Quando estamos estressados, nosso corpo libera o hormônio cortisol. O cortisol em excesso pode inflamar a pele, prejudicando a barreira cutânea e tornando-a mais sensível a irritações e infecções, assim como o envelhecimento.

Em complemento, Barros Alves clarifica que o estresse pode até mesmo intensificar o processo de envelhecimento: “O estresse tem o poder até de atrofiar o músculo. Quando a mandíbula é pressionada demais, ela enrijece e acaba envelhecendo o rosto”.

Procedimentos estéticos

O crescente interesse por procedimentos estéticos, especialmente entre os jovens, tem se tornado um fenômeno social.

Esses procedimentos podem tanto contribuir para trazer jovialidade, quanto acelerar o processo de envelhecimento, dependendo do tipo de procedimento, e se feito de maneira correta, da idade do paciente e das características individuais de cada um.

Foto: Shutterstock
Millie Bobby Brown, de 19 anos. - Foto: Shutterstock

Não existe uma dose ideal. Tudo depende da individualidade do paciente. Tem paciente que fica anos com o mesmo resultado, e tem outros que duram poucos meses”, salienta a especialista em HOF, que reitera que muitas vezes a hora do “chega” deve vir do profissional, caso o paciente não saiba a hora de parar a dosagem.

A repetição frequente desses tipos de procedimentos pode trazer um aspecto artificial e dar aquele ar de que a pessoa é mais velha do que ela é, mesmo sendo muito jovem.

Hábitos não-saudáveis

Toda geração terá hábitos não-saudáveis, porém alguns serão mais reverberados de maneira mais intensa em cada uma. Na Geração Z, podemos citar a volta do tabagismo excessivo com a chegada dos famosos cigarros eletrônicos.

A nicotina diminui a produção de colágeno e elastina, substâncias essenciais para a hidratação e elasticidade da pele, levando ao ressecamento e à perda de viço.

A substância também acelera a produção de radicais livres, moléculas instáveis que danificam as células da pele e contribuem para o aparecimento de rugas, linhas de expressão e flacidez.

Foto: Shutterstock
Atriz Anya Taylor-Joy fumando. - Foto: Shutterstock

A alimentação inadequada é outro fator preocupante que assola essa geração. O consumo excessivo de alimentos processados, ricos em açúcar e gordura saturada, pode levar ao surgimento de acne, inflamação e ao envelhecimento precoce da pele.

A falta de nutrientes essenciais, como vitaminas e minerais, também pode afetar a saúde da pele e dos cabelos.

O sedentarismo é um hábito comum que pode acelerar o envelhecimento. A falta de atividade física contribui para a retenção de líquidos e a diminuição da circulação sanguínea, o que pode deixar a pele com aspecto pálido e sem vida.

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