O Carnaval já começou em muitas cidades do Brasil, com blocos e ensaios, e muitos foliões optam pelo consumo de bebidas alcoólicas. Apesar de ser mais aceito socialmente em épocas de festividades, o CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência nacional no tema, alerta para o perigo de misturar álcool com algumas substâncias e atividades, como energéticos e remédios.
“As consequências podem ser severas, mas muitas pessoas acreditam que essas misturas são inofensivas. Inclusive a ressaca deve ser encarada com seriedade, pois afeta funções cognitivas até o dia seguinte a um episódio de consumo excessivo”, explica Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do CISA.
Para chamar a atenção para os perigos dessas combinações, confira as cinco misturas que podem expor os foliões a riscos imediatos de saúde:
1.ÁLCOOL E ENERGÉTICO
Essa combinação pode levar à percepção equivocada de embriaguez, com risco de a pessoa beber além do limite, aumentando assim o consumo de álcool e os prejuízos à saúde, como comportamento sexual de risco.
"Os efeitos estimulantes dos energéticos mascaram os efeitos depressores do álcool. Além disso, a cafeína aumenta a euforia e reduz a sensação subjetiva de embriaguez, fazendo a pessoa sentir e pensar que está ‘menos alcoolizada’ do que verdadeiramente está. No entanto, essa mistura não reduz o comprometimento real do álcool e expõe a pessoa a maiores riscos”, explica a psiquiatra pesquisadora do CISA, Olivia Pozzolo. Também é preciso considerar outros efeitos, como complicações cardiovasculares.
2.ÁLCOOL E REMÉDIOS
Essa interação pode produzir diversos efeitos no organismo, dificultando o efeito da medicação, causando possível descontrole de doenças pré-existentes; acentuando os efeitos da bebida alcoólica, provocando intoxicação com uma quantidade menor de álcool; ou ainda desencadeando uma reação inesperada como o efeito antabuse, no qual ocorrem vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão e dificuldade respiratória, podendo até levar à morte. Cuidado especial com a mistura entre álcool e remédios antidepressivos e ansiolíticos.
"Pergunte ao seu médico se o medicamento que está tomando pode interagir com o álcool, leia a bula do fabricante e nunca abandone o tratamento medicamentoso para beber”, orienta Olivia.
3. ÁLCOOL E DIREÇÃO
muitas pessoas ainda acreditam que “só” um pouco de bebida alcoólica não faz diferença ou há aqueles que se consideram imunes aos efeitos do álcool. Mas não é bem assim.
"As alterações cognitivas e motoras ocorrem mesmo que não sejam percebidas pelo condutor. Por isso, quando se trata de beber e dirigir, qualquer dose de álcool é perigosa, pois afeta o reflexo, a percepção de risco e a capacidade de reação, mesmo que a pessoa não se dê conta”, alerta Guerra.
4.ÁLCOOL E AMBIENTE AQUÁTICO
À medida que a concentração de álcool se eleva no sangue, com o aumento da ingestão de bebida, há um excesso de autoconfiança e uma diminuição na capacidade de discernimento. “Sob efeito do álcool, a pessoa superestima sua competência aquática e tem dificuldade em avaliar adequadamente os riscos do local”, explica Olivia.
Os casos de afogamento têm aumentado no Brasil e 12% desses casos têm como causa o consumo de álcool. Outro alerta importante está relacionado à supervisão de crianças – maiores vítimas fatais de afogamento. Escolha um adulto responsável que não irá ingerir bebida alcoólica, pois a capacidade de atenção é reduzida quando há consumo de álcool.
5.ÁLCOOL E SUBSTÂNCIAS ILÍCITAS
O uso simultâneo de álcool e maconha pode sobrepor e potencializar os efeitos de ambas substâncias. O álcool aumenta a absorção do principal componente psicoativo da maconha (THC) e a maconha, por sua vez, aumenta a intoxicação subjetiva e eleva os níveis de álcool no sangue.
Outra substância ilícita comumente associada ao álcool e que apresenta riscos significativos à saúde é a cocaína. Essa combinação aumenta a probabilidade de comportamento de risco, devido à euforia e diminuição da inibição causadas por ambas as substâncias. A mistura pode levar a um aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, potencializando o risco de eventos cardiovasculares como ataques cardíacos e derrames.
CUIDADOS:
Para não estragar a folia, além de evitar essas combinações, sempre que decidir beber, não exagere no consumo e fique atento para: 1) intercalar o consumo de álcool com bebidas não alcoólicas para evitar a desidratação, 2) alimentar-se antes de beber e enquanto estiver bebendo, pois a ingestão de alimentos proporciona uma absorção mais lenta do álcool pelo organismo, e 3) beber devagar.
Gestantes, menores de idade e pessoas com problemas com o álcool, assim como motoristas, devem abster-se totalmente do consumo de bebidas alcoólicas.